Adilson Araújo: Votação do pré-sal atendeu interesses imperialistas

Em discurso proferido no 17º Congresso Internacional da Federação Sindical Mundial (FSM), o presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)B, Adilson Araújo, denunciou que a entrega do pré-sal, por parte do governo ilegítimo de Michel Temer, atende aos interesses das nações imperialistas. Nesta quarta-feira (5) o plenário da Câmara dos Deputados aprovou por 292 contra 101 o Projeto de Lei 4567/16, que retira da Petrobras a prerrogativa de exploração na camada pré-sal.

Petroleiros farão ato contra entrega do pré-sal às multinacionais - FUP

Segundo Adilson, o maior beneficiado com esse resultado são os Estados Unidos. "Com a mudança das regras de exploração do chamado pré-sal, feitas sob encomenda da multinacional Chevron, com o descarado propósito de entregar o petróleo brasileiro aos monopólios estrangeiras, o maior beneficiado serão os EUA”.

Durante o discurso, o dirigente explicou que essa camada de petróleo está depositada nas profundezas do oceano e foram descobertas pela Petrobras reservas estimadas em 176 bilhões de barris. “Hoje já se extrai diariamente mais de 1 milhão de barris desta fonte, riqueza que os golpistas pretendem transferir de mão beijada ao capital estrangeiro", ressaltou Adilson.

Adilson lembrou ainda que "o pacote golpista começa por um ajuste fiscal rigoroso e danoso para os serviços públicos, o funcionalismo e a Previdência. Consta do cardápio ofertado à burguesia uma reforma trabalhista que ameaça conquistas e direitos históricos como férias de 30 dias, 13º salário, jornada de 44 horas semanais, licença maternidade, entre outros. Acena-se também com uma reforma previdenciária que amplia em pelo menos 10 anos o tempo de trabalho e contribuição antes da aposentadoria".

Confira o discurso do dirigente na íntegra

Estimados companheiros e companheiras
 
Vivemos tempos de crise, adversidades e grandes desafios. O povo brasileiro sofre neste momento os efeitos do golpe de Estado que resultou no impeachment da presidenta Dilma Rousseff e na instituição de um governo ilegítimo presidido pelo usurpador Michel Temer.
 
O complô envolveu a mídia burguesa, setores majoritários do Poder Judiciário, bem como do Parlamento mais conservador e venal da história do país. A pretexto de combater a corrupção afastaram uma presidenta honesta e instalaram no Palácio do Planalto uma quadrilha de malfeitores, envolta em inúmeros escândalos e comprometida com uma agenda abertamente antipopular, antidemocrática e antinacional.
 
A bandeira da corrupção foi erguida como uma cortina de fumaça para encobrir os reais interesses que estão por trás do golpe e ludibriar as classes médias e o povo. São interesses poderosos das velhas classes dominantes: a aristocracia financeira internacional, a burguesia nacional, que não poupou esforços e recursos a favor do impeachment, e os latifundiários. São essas as forças sociais e políticas que estão por trás da farsa que vem sendo encenada no Brasil.
 
O golpe atende em primeiro lugar aos interesses geopolíticos e econômicos dos Estados Unidos. Ele se insere claramente na grande onda conservadora que invadiu a América Latina e o Caribe nos últimos anos e ameaça reverter o ciclo político progressista iniciado na região no alvorecer do século 21, que se expressou em fatos como a rejeição da ALCA, a criação da ALBA, da Unasul e da Celac, a ampliação do Mercosul. A reversão da política externa brasileira, agora hostil à integração regional e submissa aos desígnios de Washington, é uma das infames obras dos golpistas.
 
Os EUA ganharão também com a mudança das regras de exploração do chamado pré-sal, feitas sob encomenda da multinacional Chevron com o descarado propósito de entregar o petróleo brasileiro aos monopólios estrangeiras. Trata-se do petróleo depositado nas profundezas do oceano, onde foram descobertas pela Petrobras reservas estimadas em 176 bilhões de barris. Hoje já se extrai diariamente mais de 1 milhão de barris desta fonte, riqueza que os golpistas pretendem transferir de mão beijada ao capital estrangeiro.
 
Os governos Lula e Dilma promoveram uma política externa soberana, pautada pela integração regional, que já não batia continência para o império e estava perfeitamente alinhada com as forças progressistas do continente. Realizaram também um conjunto de políticas sociais que favoreceram a classe trabalhadora, com destaque para a política de valorização do salário mínimo.
 
Os avanços registrados ao longo dos últimos anos estão sendo revertidos e devastados pelo governo ilegítimo, que assumiu com o compromisso, selado com a burguesia e os magnatas do agronegócio, de aplicar “medidas duras” e “antipopulares”. Suas principais vítimas são a classe trabalhadora, o povo pobre, o campesinato, os pequenos produtores do campo e das cidades. 
 
O pacote golpista começa por um ajuste fiscal rigoroso e danoso para os serviços públicos, o funcionalismo e a Previdência. Consta do cardápio ofertado à burguesia uma reforma trabalhista que ameaça conquistas e direitos históricos como férias de 30 dias, 13º salário, jornada de 44 horas semanais, licença maternidade, entre outros. Acena-se também com uma “reforma previdenciária” que amplia em pelo menos 10 anos o tempo de trabalho e contribuição antes da aposentadoria.
 
Temos consciência de que o pano de fundo desses acontecimentos que sacodem o Brasil e a América Latina é a crise global do capitalismo, que combina ingredientes econômicos, geopolíticos e ambientais e se arrasta há mais de oito anos. Em seu curso percebe-se o acirramento de todas as contradições do sistema, dos conflitos internacionais fomentados pelos EUA e seus aliados, das agressões e da espoliação imperialista, o fortalecimento da extrema direita, o desemprego em massa, a radicalização da luta de classes em todas as suas formas, uma nova corrida armamentista e o ressurgimento dos riscos de uma terceira e derradeira guerra mundial. É generalizada, nos países capitalistas, uma feroz ofensiva do capital contra o trabalho. Governos a soldo do patronato querem suprimir ou flexibilizar direitos e desmantelar as redes de seguridade social, onde existem. 
 
Almejam jogar todo o ônus das turbulências que sacodem a sociedade burguesa sobre as costas da classe trabalhadora. A saída que enxergam para a crise é mais do mesmo, ou seja, a solução capitalista consiste em redobrar a dose de neoliberalismo, exacerbar a exploração capitalista e a opressão das nações mais pobres pelas potências imperialistas. Neste rumo, o mundo caminha celeremente para a barbárie, com economias estagnadas, com crescimento exponencial dos refugiados, com o Mediterrâneo transformado em cemitério de imigrantes desesperados, com a construção de muros para separar os povos, com provocações e crescentes tensões no Mar da China, com a generalização dos golpes coloridos e a tentativa de recolonizar os países da periferia. São imensos os desafios que emergem nesse cenário de adversidades para as forças progressistas, o sindicalismo classista, a CTB e a nossa querida Federação Sindical Mundial (FSM). 
 
A experiência histórica vai mostrando que não haverá um desfecho positivo para a crise nos marcos do capitalismo. É hora de reiterar e renovar a luta pelo socialismo. No Brasil nosso caminho é o da resistência e da guerra sem quartéis contra os golpistas e em defesa dos direitos da classe trabalhadora, da democracia, da soberania nacional e da integração latino-americana e caribenha e dos povos oprimidos em todo o mundo. Querem excluir a classe trabalhadora e os movimentos sociais do jogo político, mas não vamos permitir. As centrais sindicais devem seguir lutando unidas contra as reformas pretendidas pelo governo golpista. Os movimentos sociais têm ocupado diuturnamente as ruas gritando Fora Temer e pleiteando novas eleições. A CTB participa ativamente dessas manifestações com a certeza de que conta com todo apoio e solidariedade da nossa FSM e que, no final, a vitória será do povo.Abaixo o sistema capitalista-imperialista!
 
Viva o Socialismo!
Vida longa à FSM!
 
Muito obrigado!