Padrão metalúrgico

Os metalúrgicos realizaram manifestação forte nesta quinta (29), contra as reformas neoliberais e em defesa do emprego. O protesto, que foi nacional, com picos em locais de maior organização da categoria, mostrou um consistente sentimento de resistência e efetiva disposição de luta.

Por João Franzin*

Ato dos metalurgicos no dia 29 de setembro Betim caminhada - Fitmetal

Ante uma conjuntura de grave crise econômica e política, com setores patronais agressivos contra direitos e um governo flácido, a serviço do capital, a iniciativa metalúrgica precisa ser compreendida e valorizada.

Desde o dia 8 de setembro, quando da reunião ampla chamada por Miguel Torres, presidente da CNTM, a Agência Sindical passou a divulgar as ações pró-paralisação. Nos últimos dias, entrevistamos diversos dirigentes metalúrgicos e, hoje, precisamente, dia da manifestação, montamos plantão desde as 6 da manhã, a fim de acompanhar, cobrir e repercutir os atos.

O caminho aberto pelo protesto desta quinta indica, digamos, um padrão metalúrgico de manifestação e resistência. Não é o único, mas seu êxito sinaliza a outros setores trabalhistas a possibilidade de também marcar ações específicas, estabelecendo, nessa conjuntura, um padrão de luta por categoria. Essa forma, em nenhum momento, se choca com a unidade de ação proposta pelas Centrais. Aliás, ela expressa a própria unidade de uma categoria, ou seja, de uma parte que integra o todo sindical.

O balanço, ainda que a quente, da experiência desta manhã mostra vitória da tática adotada, reafirma a legitimidade de importantes lideranças e também situa no mapa metalúrgico onde estão hoje os destacamentos mais aguerridos na resistência. Um desses polos, sem dúvida, é o cinturão metalúrgico de Curitiba. Outros, como Catalão e Anápolis, também são polos que se firmam.

Sem a previsível cobertura da grande mídia, resta ao sindicalismo metalúrgico o desafio de registrar, marcar e repercutir este Dia Nacional de Paralisação. Cabe à própria imprensa sindical cuidar dessa tarefa, para dentro da categoria metalúrgica e, também, buscando ampliar sua repercussão em outros veículos sindicais, bem como nos meios da imprensa alternativa.

Num momento de forte recessão e crise política, observando candidatos patronais – conservadores – na ponta das preferências, em muitos locais, cada ação sindical deve ser valorizada, com o peso que realmente tiver. Se a força contra nossos interesses tem caráter classista, natural que a resistência forte, necessariamente, seja também classista.

*João Franzin é jornalista e diretor da Editora e Agência de Comunicação Sindical