Em atos nacionais, metalúrgicos denunciam ameaça aos direitos

Metalúrgicos protestaram pelo Brasil nesta quinta-feira (29) contra a reforma da Previdência Social e a retirada de direitos garantidos pela Consolidação das leis do Trabalho (CLT), planejadas pelo governo de Michel Temer. Um dos segmentos mais atingidos pelo desemprego, os metalúrgicos se manifestaram nos locais de trabalho ou nas proximidades realizando passeatas, assembleias, piquetes e paralisações.

Por Railídia Carvalho

Ato dos metalurgicos no dia 29 de setembro Betim caminhada - Fitmetal

São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Paraná, e Rio Grande do Sul foram alguns dos locais em que aconteceram os atos. Na zona Leste da capital paulista e também na BR 381, na região de Betim (MG), dirigentes e trabalhadores realizaram passeata pela manhã. 

Os atos foram organizados pelas Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (Fitmetal), Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT), Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM) e CST Conlutas. 
Unidade

Em Betin, o protesto reuniu cerca de 300 dirigentes da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Força Sindical, além de representantes das federações locais e diversos sindicatos.

De acordo com Marcelino Rocha, presidente da Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (Fitmetal), que esteve na passeata em Betin, o ato na BR atingiu um grande número de trabalhadores. No local circulam empregados das principais empresas do estado que são a Fiat, Teksi, Terex e Nemak. O dirigente calcula que os trabalhadores destas quatro empresas somam aproximadamente 25 mil.
“Além de denunciar as reformas trabalhista e previdenciária, protestamos contra a proposta da Fiemg (Federação das Indústrias de Minas Gerais), que ofereceu 3% de reajuste aos metalúrgicos do estado para começar a ser pago em fevereiro de 2017. Com a inflação em 10% isso significa perdas para o trabalhador”, ressaltou Marcelino.
Desemprego

Em Itaguaí, no Rio de Janeiro, o presidente do sindicato Jesus Cardoso Reis, avaliou de forma positiva o piquete realizado em frente a Itaguaí Construção Naval (ICN), no litoral fluminense. “Mesmo com todas as dificuldades vividas pelo trabalhador quando falamos das ameaças aos direitos ele responde bem”, afirmou o dirigente. A ICN é uma empresa da Construtora Odebrecht e tem contrato com a Marinha de construção do primeiro submarino brasileiro com propulsão nuclear.
De acordo com Jesus, o desemprego atingiu cerca de 20 mil trabalhadores na cidade do Rio de Janeiro. A indústria naval foi a mais prejudicada. Ele informou que até 2014, a capital registrava 50 mil trabalhadores. De janeiro de 2015 até este ano, somente a indústria naval demitiu aproximadamente 13 mil, a maioria sequer recebeu as rescisões.
Novas manifestações

Além do combate ao desemprego, os metalúrgicos reivindicaram a redução da taxa de juros e também lançaram a luta pela construção de um contrato coletivo nacional por ramo de atividade. A Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM) avaliou que 600 mil trabalhadores se mobilizaram no país.
“Esta é a primeira de muitas manifestações que serão realizadas, em unidade com as centrais sindicais, para chegar ao nosso objetivo, que é enfrentar e ganhar esta batalha pelos direitos”, afirmou ao portal da CNTM, o presidente da entidade, Miguel Torres. Ele participou da caminhada na zona leste de São Paulo.