Metalúrgicos paralisam dia 29 contra reformas e em defesa dos direitos

Os trabalhadores metalúrgicos são uma das categorias mais afetadas pela crise política e econômica, intensificadas no Brasil pós-golpe e com o governo de Michel Temer. Defesa do emprego, redução da taxa de juros, repúdio às reformas trabalhista e previdenciária de Temer e pela construção de um acordo coletivo nacional, por ramo de atividade, são alguns dos motivos que levam os metalúrgicos do país a paralisarem as atividades nesta quinta-feira (29).

Por Railídia Carvalho  

Manifestações em Belo Horizonte Marcelo Rocha Fitmetal - Portal CTB

 A coordenação dos atos pelo Brasil será realizada pela Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT), Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (Fitmetal), Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM) e CST Conlutas. Serão paralisações, assembleias e greves com o apoio das centrais de trabalhadores.

“O ato deste dia 29 só foi possível após a unidade das principais entidades que representam os metalúrgicos no país. É uma base muito forte no setor automobilístico e já foi forte quando havia investimento no setor naval, que hoje está jogado às traças”, explicou Marcelino da Rocha, presidente da Fitmetal.
A indústria naval do Rio de Janeiro foi reduzida a aproximadamente cinco mil trabalhadores recentemente. De acordo com Marcelino, os metalúrgicos naquele estado chegaram a ser 80 mil. 
“A nossa agenda precisa ser de muita mobilização contra as ameaças à previdência, contra a liberalidade da terceirização e contra imposição do negociado sobre o legislado. Estamos fazendo um chamado especial aos nossos filiados para que este seja um grande dia de luta dos metalúrgicos”, convocou Marcelino.
A Fitmetal existe há seis anos e mantém 400 mil trabalhadores filiados. A entidade representa especialmente trabalhadores no setor automobilístico e está presente nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Bahia, Maranhão e Pernambuco.
Marcelino comentou a atuação do novo presidente da Petrobras Pedro Parente, que pediu autorização à Agência Nacional do Petróleo (ANP) para que a empresa importe plataformas de produção do petróleo.
“Há poucos anos discutíamos um percentual nacional de produção que definia que 60% dessas plataformas seriam produzidas no Brasil. Com esse processo de Lava Jato e golpe isso foi pra lata do lixo”, ressaltou o dirigente.
Segundo ele, a Lava Jato limitou excessivamente os investimentos no setor naval e em outros ramos da metalurgia. “Falta ao Brasil uma política definida de investimento em infraestrutura no transporte coletivo de qualidade, falta de investimento no setor naval na produção de navios e plataformas”, defendeu Marcelino.
O último levantamento sobre a participação da indústria brasileira no produto interno bruto (PIB) foi abaixo de 9%. Nos anos 70, esse percentual era de quase 30%. “Os mais atingidos por essa desindustrialização são os metalúrgicos. O atual quadro de estagnação ainda pode custar muitos empregos”, alertou o sindicalista.