Recessão se agrava e indústria paulista demite 11 mil em agosto

Pesquisa de Nível de Emprego do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp) aponta que a indústria de transformação paulista fechou 11 mil postos de trabalho em agosto. Número representa recuo de 0,49% em relação ao mês anterior. Com ajuste sazonal, a retração foi de 0,27%.

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Para o diretor titular do Depecon, Paulo Francini, o resultado da pesquisa indica que não houve alteração no mercado em relação à oferta de empregos na indústria. "É uma continuidade, um sinal de que o emprego continuará caindo e, infelizmente, isto deve prosseguir até o final do ano", destacou.

Francini reafirma a projeção do encerramento de 165 mil postos de trabalho este ano, contra a perda de 235,5 mil vagas no ano passado. "Este ano vamos perder três estádios de futebol, destes construídos para a Copa, cheios de trabalhadores da indústria", comparou.

De acordo com Francini ainda não é possível enxergar nitidamente uma tendência de recuperação do cenário. Ele lembra que o emprego é sempre a última variável a sofrer e a se recuperar dos efeitos de uma crise econômica. "Nós ficamos ansiosos por querer enxergar a luz no final do túnel. Por enquanto estamos vendo apenas redução da taxa de queda", conclui.

Dos 22 setores que integram a pesquisa do Depecon, 73% (16) registraram queda do nível de emprego, com destaque para Produtos de Metal, exceto Máquinas e Equipamentos (-2.187 postos); Produtos Alimentícios (-1.981postos) e Produtos de Borracha e de Material Plástico (-1.624 postos). Três setores ficaram estáveis e outros três apresentaram variação positiva no mês de agosto.

Em agosto, das 36 regiões consideradas no levantamento, 28 apresentaram variação negativa no nível de emprego em agosto, 4 registraram aumento de vagas, e 4 ficaram estáveis.

A Fiesp revisou a previsão do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2016. A nova estimativa é de retração menor (-3%) do que a divulgada em junho, de -3,2%. A projeção da entidade para o crescimento do país para 2017 continua sendo de alta, passando de 0,6% para 0,9%.

Paulo Francini afirma que o anúncio de queda de 0,6% do PIB do segundo trimestre de 2016, em relação ao primeiro trimestre, divulgado pelo IBGE, foi pior do que o mercado esperava. "Para 2017, quando projetamos cerca de 1% de crescimento podemos dizer que paramos de cair, mas a recuperação será vagarosa, até esta máquina enorme, que é o Brasil, ganhar força e impulso para apresentar taxas melhores", conclui.