MPF: presidente do PSDB goiano é "líder de organização criminosa"

O Ministério Público Federal (MPF) aponta em denúncia na Operação Decantação, que o presidente do PSDB Goiás, Afrêni Gonçalves atuava junto ao diretor da empresa de saneamento do governo do estado (Saneago), José Taveira Rocha "para favorecer aliados políticos". Eles e mais 31 são acusados de participar do esquema que desviou recursos do PAC para campanhas tucanas. Na denúncia, a Procuradoria descreve Afrêni Gonçalves como "líder político da organização criminosa".

Marconi e Afreni Gonçalves PSDB de Goias - Foto: Reprodução/Metrópolis

Segundo as investigações, o prejuízo aos cofres públicos foi de cerca de R$ 5,2 milhões e o dinheiro foi usado para pagamento de campanha eleitoral do PSDB.

O presidente do PSDB é acusado pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção. A verba desviada, segundo o MPF-GO é referente ao sobrepreço em contrato de duas obras da Saneago, que totalizam R$ 184,7 milhões. O valor foi calculado pela Controladoria Geral da União (CGU) durante as investigações.

Propina servia campanha tucana

O Ministério Público Federal aponta que o tucano atuava na estatal em favor de aliados políticos, intercedia a contratação de empresas e também no cronograma de pagamentos dessas”, aponta. 

O presidente do PSDB de Goiás caiu no grampo da Operação Decantação, da Polícia Federal, supostamente negociando dívida de campanha de 2014 ao governo do Estado, quando foi reeleito o tucano Marconi Perillo – que está em seu quarto mandato.

O procurador Mário Lúcio de Avelar do MPF afirma na acusação que, durante o aprofundamento das investigações, "foram colhidas provas de interceptação telefônica anotando a cobrança para o pagamento de dívidas da campanha para o governo de 2014".

“Esse fato, de per si, evidencia o desvirtuamento das ações da estatal para finalidades não estatutárias e lesivas aos princípios da legalidade, moralidade e impessoalidade”, registra o procurador.

“Não é razoável supor que na Saneago exista rubrica orçamentária destinada a pagamento de gráfica outrora contratadas para campanhas políticas.”

“Resta evidenciado que o denunciado Afrêni se relaciona com empresários sabidamente envolvidos em atividades criminosas, bem como com agentes públicos, igualmente envolvidos em ilícitos, sem jamais turbar ou ferir os interesses da organização criminosa”, afirma a denúncia.

A acusação destaca a movimentação de Afrêni Gonçalves para favorecer a empresa JC GONTIJO e a doação de R$ 1 milhão da companhia ao PSDB.

“No contexto mais amplo no qual os fatos se inserem tem-se que os valores recepcionados pelo PSDB o foram a título de propina, ainda que sobe a forma de doação, porque disfarçadas do seu real propósito”, anota o procurador.

“Existem fundados indícios de que o denunciado dá provimento ao núcleo político da organização criminosa, dirige, age e interage na Saneago para beneficiar aliados políticos, direcionar contratos, abreviar pagamentos e percutir dinheiro para o PSDB e campanhas políticas.”

O Estadão divulgou as informações do caso nesta terça-feria (13) e disponibilizou a íntegra do documento.

Operação

Afrêni Gonçalves ficou apenas cinco dias preso quando deflagrada a operação Decantação em 24 de agosto passado. No dia da operação, 14 pessoas foram presas. Os então presidentes da Saneago, José Taveira Rocha, e o presidente do PSDB, Afrêni Gonçalves. Porém, eles foram oltos no último dia 29.

Até esta segunda-feira (12), continuam detidos, segundo MPF: Rivadávia Matos Azevedo, Emmanuel Domingos Peixoto, José Raimundo Alves Gontijo, José Vicente da Silva Júnior, Frederico José Navarrete Lavers, Gilberto Richard de Oliveira, Rafael Santa Cruz Ferreira Sá, Charles Umberto de Oliveira e Carlos Eduardo Pereira da Costa.