Resistência indígena é tema de exposição em cartaz em São Paulo

Está em cartaz em São Paulo, a exposição "Adornos do Brasil Indígena: resistências contemporâneas" que leva um conjunto de 200 peças ao Sesc Pinheiros. A exposição conta ainda com atividades educativas, formação para professores e outras programações complementares e, pode ser visitada até dia 8 de janeiro de 2017, gratuitamente.

Adornos - Foto: Reprodução

São objetos e documentos de 23 etnias indígenas preservados no Museu de Arqueologia e Etnologia da USP (MAE), pelos quais os índios reafirmam sua cultura e identidade, além de uma seleção de obras de arte contemporânea de diversos artistas, que se entrelaçam com a temática indígena, como o mural de grafite do artista Nunca, pintado na fachada do Sesc.

Estão representadas na exposição expressões culturais indígenas contemporâneas de várias regiões do território brasileiro, tais como: Waurá (MT), Suyá (MT), Krahô (TO), Rikbaktsa (MT), Bororo (MT), Guarani (SP), Kayapó-Xikrin (PA), Kaxinauá (AC) e Karajá (GO), como também vestígios arqueológicos da Amazônia e São Paulo.

A partir de artefatos, fotos e filmes, o “adorno” é apresentado como um elemento singular e representativo de múltiplas formas e expressões de resistências das comunidades indígenas, por meio de interlocuções entre as expressões culturais destas sociedades e a produção de arte contemporânea, no contexto dos embates da sociedade nacional. Na exposição, os adornos estão organizados em três módulos: o corpo como suporte de resistência, a representação do corpo ao longo do tempo nas sociedades indígenas e celebrações indígenas como resistência.

Exibindo obras já existentes – entre icônicas e pouco vistas – e outras inéditas, a mostra conta ainda com a participação de Ailton Krenak, Anna Bella Geiger, Bené Fonteles, Carlos Vergara, Claudia Andujar, Delson Uchôa, Fred Jordão, Lygia Pape, Nunca, Paulo Nazareth e Thiago Martins de Melo.

Parceria

Essa mostra é o primeiro projeto realizado entre a USP e o Sesc, que faz parte de um novo termo de cooperação entre as instituições, assinado no final de julho, em torno da formalização de projetos expositivos e de ação educativo-cultural. “Esse convênio visa uma maior aproximação e estabelecer um diálogo com a USP”, afirmou o diretor-regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda, na abertura da mostra, realizada no dia 7 de setembro. “Esta exposição é diferenciada, porque trata a questão do adorno de uma maneira original com artistas contemporâneos que dialogam com as informações do mundo indígena”, declarou o dirigente do Sesc.

O índio Cawcre Gamela, do Maranhão, esteve presente na abertura da exposição. Foto: USP


A diretora do MAE, Maria Cristina Oliveira Bruno, disse que a realização da mostra é uma oportunidade de apresentar parte do acervo do Museu a um público fora do meio acadêmico. “Precisamos manter o diálogo com a sociedade e ao mesmo tempo refletir sobre a importância do processo de resistência indígena”.

O outro curador, Moacir dos Anjos, falou dos significados da palavra adorno no dicionário e lembrou que o diálogo entre o acervo do MAE e a arte contemporânea não tem pretensão de criar hierarquias ou contraposições. “A ideia é sugerir situações em que a copresença de um e de outra em um mesmo espaço de exposição dê evidências do poder de resistência contido naquilo que é usualmente tomado como acessório ou suplemento”.

Acervo MAE

Apesar de significativo, o acervo de etnologia brasileira do MAE não é suficientemente conhecido fora do meio acadêmico. E, a partir desta constatação, foi proposto ao Sesc um programa de colaboração, que convidou a USP a refletir sobre as múltiplas formas e expressões de resistência das sociedades indígenas que são contempladas pela exposição.

Adereços do bloco carnavalesco “Cacique de Ramos”, originário do subúrbio carioca de Ramos, fundado em 1961. Foto: USP



O MAE foi criado há 27 anos para reunir, estudar, ampliar e difundir diferentes coleções que, até então, estavam dispersas por unidades da Universidade. E aprofundou os estudos não só das disciplinas que lhe diziam respeito, mas colocou-se como fórum de reflexão e estudos da área de Museologia, já tendo formado um número expressivo de especialistas e pesquisadores que se espalharam por instituições de todo o País.

Serviço

A exposição contará também com atividades educativas, formação para professores e outras programações complementares e, pode ser visitada no 2º andar do Sesc Pinheiros, até dia 8 de janeiro de 2017, de terça a sábado, das 10h30 às 21h30, e aos domingos e feriados, das 10h30 às 18h30.

O Sesc Pinheiros fica na Rua Paes Leme, 195 – Pinheiros, São Paulo (próximo à estação Faria Lima do metrô). Mais informações pelo telefone (11) 3095-9400.