Chilenos rendem homenagem à Salvador Allende

O Chile homenageou neste domingo (11) o presidente Salvador Allende, vítima de um golpe de Estado há 43 anos comandado pelo general Augusto Pinochet. Na cerimônia, os chilenos pediram justiça contra os atos cometidos na ditadura. A principal manifestação aconteceu no Palácio de La Moneda, sede do governo que à época foi bombardeada pela Força Aérea.

Isabel Allende e Michelle Bachelet - Presidência do Chile

Flores foram colocadas perto da estátua de Allende da Praça da Constituição, e as ruas foram tomadas por uma tradicional manifestação organizada por grupos de direitos humanos em direção ao cemitério geral de Santiago, onde estão os restos mortais do ex-presidente deposto pelos militares.

"Quarenta e três anos se passaram desde que, neste mesmo palácio, foi apagada a chama da democracia para a instalação da ditadura, do terrorismo de Estado e da arbitrariedade no coração de nossa pátria", disse a presidenta do país, Michelle Bachelet, que discursou em cerimônia no Pátio dos Canhões para convidados, parlamentares e familiares de Allende. O ex-presidente Ricardo Lagos também compareceu ao local.

Antes de iniciar seu pronunciamento, Bachelet, acompanhada por Isabel Allende, presidenta do Partido Socialista e filha do presidente morto, e outros membros da família depositaram flores no Salão Branco do Palácio de La Moneda, que recria o lugar onde Allende morreu.

Memória

A presidenta lembrou que milhões de chilenos nasceram depois do golpe de Estado e do restabelecimento da democracia em 1990. Por isso, disse ser importante que todas as gerações saibam o que ocorreu no país durante o período obscuro da ditadura. "Temos diante de nós a tarefa de dar à memória o lugar que ela merece. De dar à justiça a profundidade e o espaço que ela requer, de honrar nossos mortos, seus nomes e suas lutas", afirmou.

Bachelet aproveitou a oportunidade para dizer que seu governo deu "passos substantivos" nesta direção. Durante a cerimônia, ela anunciou o nome de quem comandará a Subsecretaria de Direitos Humanos, um órgão governamental criado em dezembro que agora entrará em funcionamento.

Já para Isabel Allende, ainda é preciso caminhar "muito mais" para fazer justiça e defendeu o fechamento de Peuco, uma prisão onde estão detidos vários ex-militares acusados de crimes contra a humanidade durante a administração de Pinochet. "Os violadores dos direitos humanos não devem ter tratamento especial porque são pessoas que cometeram as mais graves violações", disse a filha do ex-presidente chileno.

Isabel reafirmou no sábado (10) sua intenção de se candidatar à presidência do país em 2017 se contar com o apoio do Partido Socialista e das demais legendas que formam a Nova Maioria, coalizão de centro-esquerda que apoia o governo de Bachelet. Para isso, defendeu a realização de eleições primárias para o grupo ter apenas um único candidato. O adversário de Isabel na disputa interna pode ser Lagos, que na semana passada disse estar disposto a tentar um novo mandato.