Leandro Karnal condena violência policial e campanha de ódio

O historiador e professor da Unicamp, Leandro Karnal, comentou por meio das redes sociais o clime de ódio e intolerância no país e a violência policial contra as manifestações pelo Fora Temer realizada nos últimos dias. Segundo ele, o Brasil deverá percorrer um longo caminha para "aprender a ser crítico sem destruir, aprender a ser policial sem cegar, aprender a discordar sem apoiar violência e, acima de tudo, aprender a dialogar".

Karmal no roda viva - Reprodução

No texto intitulado "O limite da liberdade de expressão", Karnal ressalta que o direito à liberdade de expressão foi conquistado com muita dificuldade pelo povo brasileiro. Mas ressalta que é um direito constitucional é que a lei estabelece limites, como não defender ou incitar crime. "Não posso, em nome da liberdade de expressão, defender racismo ou violência contra mulheres ou pedofilia. A liberdade é ampla, mas não absoluta", frisou.

Cintando um comentário do também professor Jairo José da Silva, titular da Unesp, Karmal reforça: "Tudo indica tratar-se de pesquisador sério e reconhecido em muitos bons centros. Isto não impediu de afirmar algo muito difícil no seu facebook. Diante do fato de uma aluna Deborah Fabri, de 19 anos, ter sido atingida no olho por bala de borracha e ter perdido a visão, o docente comentou que era uma notícia potencialmente boa que ela ficasse cega".

Karnal refere-se ao post de Jairo em que diz ironizou: “…pode ficar cega, se for petista é uma boa notícia”. A estudante participava do ato pelo Fora Temer quando foi atingida estilhaços de bala tropa de choque da PM.

"Posso discordar da manifestações. Posso, com bons argumentos, ser contra o partido A ou B. Posso condenar quem depreda patrimônio público ou privado. Posso ser do PSOL ou do DEM. A sociedade precisa desta diversidade de posicionamentos. Nunca posso defender violência contra uma pessoa. Nada justifica isto. Este é o limite da liberdade de expressão, pois além deste limite começa o mundo da barbárie. Todos podemos dizer coisas que, refletindo melhor, pensamos ser um equívoco. Cabe, então, veemente pedido de desculpas. Até ele ocorrer, somos co-autores da violência defendida. Violência é o fim do diálogo. Como professor, fico intensamente chocado quando alguém se alegra com uma aluna perdendo a visão. Fico mais chocado com alguém que, tendo os dois olhos, seja tão cego", reforçou Karnal.