Impeachment de Dilma é traição da democracia, diz jornal mexicano

Um artigo publicado nesta quarta-feira (31) pelo jornal mexicano La Jornada afirma que o processo de impeachment de Dilma Rousseff é “um novo crime contra a democracia”, cometido por um Senado que tenta esconder “a vergonha de sua traição”.

Julgamento de Dilma - Edilson Rodrigues/Agência Senado

O texto, assinado pelo ex-dirigente do PRD (Partido da Revolução Democrática), Cuauhtémoc Cárdenas, diz que o possível afastamento definitivo da mandatária brasileira representa um “crime de traição”.

“Estamos a horas de que se consume um crime: a imposição da traição sobre a lealdade, a ilegitimidade sobre o direito, a corrupção sobre a honradez, a delinquência sobre a honorabilidade, que isso e mais representam a destituição de Dilma Rousseff como presidente constitucional do Brasil”, diz o artigo.

Nesse sentido, Cárdenas cita o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, “que trai sua própria história e trai a si mesmo no que foi e no que pode ser de bom para seu povo e para o solo em que nasceu”.

Segundo o texto, “esse novo crime contra a democracia e o direito” ocorre com “complacência” da comunidade internacional e, com exceções, os governos da América Latina observam a situação “com passividade”, “sem ver que, diante de qualquer desagrado que provoquem ao império, pode lhes ocorrer algo semelhante”.

O artigo comenta também as acusações de supostas irregularidades cometidas pelo governo de Dilma, “prática a que recorreram mais de uma centena de vezes governos anteriores”.

Cárdenas afirma que o objetivo do impeachment, encabeçado pelo presidente interino, Michel Temer, é buscar “proteção” para que figuras políticas não tenham seus atos de corrupção investigados.

O autor do artigo presta também solidariedade a Dilma e ao povo brasileiro, “que está buscando que não acabe por se romper a legalidade com os recursos que lhes outorga sua Constituição, suas leis e suas experiências de práticas democráticas e pacíficas”.

“A quem em nossos países aspira a transformações progressistas e democráticas por meios similares, nos corresponde brindar a mais ampla solidariedade a Dilma Rousseff e a quem luta com ela no Brasil pela recuperação do caminho da democracia, único que pode conduzir a um progresso sustentável e estável.”

O Senado brasileiro realizará, nesta quarta-feira (31), a sessão final de julgamento sobre o processo de impeachment de Dilma, que poderá ser afastada da Presidência de forma definitiva.