Lula, Orlando Silva e o sucesso dos militares nos Jogos Rio 2016

As Forças Armadas são, sim, importantes para o sucesso olímpico do Brasil. Mas os comentários de viés direitista a esse respeito caem por terra quando damos os três nomes dos responsáveis por esse resultado: Lula, Orlando Silva e Nelson Jobim.

Por Marina Lacerda, no Viomundo*

Lula e Orlando Silva

As Forças Armadas incorporam atletas que têm conquistado medalhas pelo Programa Atletas de Alto Rendimento, criado em 2008 em parceria com os Ministérios do Esporte e da Defesa. O então presidente Lula (responsável pela realização das Olimpíadas do Brasil, não esqueçamos disso nesses momentos de entorpecimento esportivo) criou o programa em parceria entre os ministérios da defesa e do esporte, de responsabilidade de Jobim e do comuna Orlando.

Assim, os atletas de ponta concorrem ao edital específico e ingressam nas Forças Armadas para poderem treinar. Isso contempla inclusive atletas assumidamente LGBT. Trata-se de uma política pública que tem dado os resultados esperados.

A contribuição das Forças Armadas também é menor do que determinados veículos fazem supor. Sua contribuição é, pelo menos se considerarmos as declarações do técnico da seleção de ginástica, limitada ao Programa criado por Lula. Não é anterior a isso, tampouco influencia o esporte na base ou apoia os treinadores. As FA simplesmente pegam o atleta pronto, como prevê o programa, criado apenas para aqueles com alto rendimento. Além disso, Arthur Zanetti, por exemplo, ingressou nos quadros da aeronáutica só em julho, há menos de um mês dos jogos.

Além desse programa, os atletas de ponta são beneficiários do Programa Bolsa Atleta Pódio, criado por Dilma, e do Bolsa Atleta, criado por Lula e aperfeiçoado pela Dilma. Então os resultados são reflexo de política pública de governo de centro-esquerda. Não é estado mínimo nem viva ao autoritarismo.

Por fim, uma anotação contra o complexo de vira-latas. Como observou o blogueiro Tarso Cabral Violin, “o Brasil já empatou o recorde de medalhas de ouro de Atenas 2004 (5 ouros), já tem 15 medalhas no total (o recorde é de 17 medalhas em Londres 2012), já está em 13º lugar (o recorde é 15º em Antuérpia 1920). O Brasil é hoje a segunda potência olímpica da América, na frente do Canadá e Cuba, e na frente de potências como Espanha e Jamaica”. Estamos bem na frente da Grécia, que está na 30ª posição.