Justiça argentina suspende prisão contra líder das Mães de Maio

O juiz federal argentino Marcelo Martínez de Giorgi suspendeu nesta sexta-feira (05) a ordem de prisão contra Hebe de Bonafini, líder das Mães da Praça de Maio. Giorgi havia ordenado a detenção de Bonafini na quinta-feira (04) após ela ter se recusado a comparecer a duas audiências para tratar do caso de desvio de fundos por meio do projeto social Sueños Compartidos, de construção de moradias populares.

Hebe Bonafini - Divulgação

A defesa de Bonafini compareceu ao tribunal federal Comodoro Py, em Buenos Aires, na manhã desta sexta-feira, quando pediu a suspensão da ordem de detenção contra ela. O advogado Juan Manuel Morente solicitou também que o depoimento de Bonafini seja realizado na sede das Mães da Praça de Maio, para preservar a saúde da líder da organização, que tem 87 anos. O juiz também anuiu com esta solicitação e o depoimento deve ser tomado nas próximas semanas.

Segundo fontes do tribunal reportadas pela agência de notícias argentina Télam, Bonafini concordou com as exigências do juiz de não sair da Argentina, permanecer domiciliada em Buenos Aires e informar o tribunal de seu deslocamento pelo país.

Giorgi considerou que a apresentação da defesa de Bonafini no tribunal é uma manifestação de sua "vontade de declarar", por isso suspendeu a ordem de prisão contra ela. Ele também disse a jornalistas ter "tomado nota" da comoção pública gerada pela determinação da ordem de prisão contra a líder das Mães da Praça de Maio.

Na quinta-feira (04), após a expedição da ordem de prisão, uma multidão se reuniu na Praça de Maio, onde Bonafini se encontrava com outras Mães na vigília semanal realizada pela organização há mais de 30 anos. Os manifestantes formaram um cordão de proteção ao redor de Bonafini e a acompanharam até a sede das Mães da Praça de Maio, diante da qual se postaram para impedir sua prisão. A manifestação popular fez fracassar as duas tentativas da polícia federal de prendê-la, segundo a Télam.

Como líder da Associação Mães da Praça de Maio, Bonafini é acusada do delito de "administração fraudulenta" relacionado aos fundos públicos designados à organização para a realização do programa de moradias populares Sueños Compartidos (Sonhos Compartilhados). Ela é acusada de ter facilitado o desvio de 58 milhões de pesos do programa.

Bonafini e a organização negam as acusações. Antes do pedido de prisão, ela havia enviado uma carta ao juiz, por meio de seus advogados, em que afirmava estar sendo perseguida pela Justiça. A ativista disse ainda que as Mães da Praça de Maio forneceram elementos para auxiliar as investigações do caso.