Bandeira: Impeachment prova que políticos perderam o senso moral

O professor Celso Bandeira de Mello, um dos mais renomados juristas brasileiros, em entrevista ao Brasil 247 falou sobre a atual crise política do país e disse que a "farsa do impeachment" evidência que os políticos "perderam o senso moral".

Celso Antônio Bandeira de Mello

"Os nossos políticos de hoje perderam completamente o senso moral. Prova disso é a farsa do impeachment da presidente Dilma Rousseff", disse ele, que também manifestou sua insatisfação com o Poder Judiciário.

"Não tem mais ilusões", disse ele, que avalia que a Justiça virou um instrumento da guerra político-partidária e citou como exemplo a perseguição contra o ex-presidente Lula.

Bandeira de Mello disse ainda que Lula agiu corretamente ao recorrer à Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas para denunciar o desrespeito aos direitos fundamentais.

"Ora, qualquer pessoa sabe e todos os ministros do Supremo Tribunal Federal têm plena consciência de que os direitos e garantias do ex-presidente Lula estão sendo violentados", frisou o jurista, citando a condução coercitiva determinada pelo juiz Sergio Moro, em março deste ano, e os vazamentos de conversas telefônicas com a presidenta da República.

"Tanto os ministros Teori Zavascki como Marco Aurélio Mello repreenderam o juiz Moro, que, inclusive, se viu forçado a pedir desculpas. O problema é que ficou nisso. Teori chegou até a definir o comportamento do juiz Moro como medievalesco", lembrou.

Para ele, o STF se curvou aos interesses de uma mídia monopolizada e rejeita a tese de que o recurso de Lula mancha a imagem do Judiciário e do próprio País no exterior.

"Se o Brasil assinou o pacto que garante a todos os cidadãos brasileiros o direito de denunciar arbitrariedades à comissão de Direitos Humanos, isso vale para todos, inclusive para um ex-presidente da República", sublinhou.

Bandeira de Mello disse também que, por não haver crime, acredita que Moro não cometerá a ilegalidade de decretar a prisão do ex-presidente Lula.

"Primeiro, porque não há crime. Segundo, porque isso colocaria o Brasil num ambiente de convulsão e revolta social. Haveria greves, invasões e uma grande revolta, que seria legítima, diante da arbitrariedade cometida", declarou.