Patrus Ananias: Crime contra o Brasil

Nesta segunda-feira (25), movimentos rurais estão nas ruas de várias cidades. É o dia do trabalhador e da trabalhadora rural, do agricultor e da agricultora familiar.

Por Patrus Ananias*

Agricultura familiar

E é, na agenda deles – com que nos solidarizamos todos os que lutamos pela democracia e pela justiça social – outro dia de resistir à devastação que o governo golpista instalado no Brasil está fazendo e a que ameaça fazer contra a agricultura familiar e, de modo geral, contra as políticas sociais desenvolvidas nos governos Lula e Dilma.

É imperioso lembrar que os agricultores e as agricultoras familiares e os assentados da reforma agrária produzem 70% dos alimentos que o povo brasileiro consome. Então, práticas e políticas públicas que prejudiquem a agricultura familiar são, além de danosas aos produtores, dramaticamente perversas aos interesses populares.

Há mais de dois meses, o governo ilegítimo de Michel Temer começou a impor e ameaça impor ainda mais, às estruturas e às políticas públicas de apoio à agricultura familiar, um desmonte que já seria grave se fosse irresponsável. Mas é pior do que isso. Os golpistas estão submetendo a agricultura familiar a algo muito semelhante a um crime ou a uma série de crimes contra o Brasil, os brasileiros e as brasileiras.

O governo golpista extinguiu o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Desmontou a estrutura do MDA. Imobilizou o INCRA. Destituiu o comando da ANATER. Desfez políticas. Engavetou, suspendeu e destruiu projetos e programas. Arrasou programas fundamentais como o PAA, de aquisição de alimentos; o Mais Gestão, de apoio ao cooperativismo; o Minha Casa Minha Vida Rural…

E, enquanto produz ruínas, proclama ou promete recriar o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Esta hipótese não está associada pelos golpistas aos interesses maiores do país pela agricultura familiar. Toda a mídia parceira do governo provisório afirma que a possibilidade de volta do MDA está associada aos interesses de meia dúzia de golpistas que reclamam mais cargos.

E por aí eles vão. De improviso em improviso, é evidente; mas sempre no mesmo rumo: o de inviabilizar ou, no mínimo, debilitar a agricultura familiar e favorecer outros negócios, entre eles os agronegócios.

Querem porque querem submeter a produção de alimentos e, portanto, a segurança alimentar do povo brasileiro a um modelo de agronegócio cujas limitações estão, neste exato momento, se traduzindo pela falta, pela necessidade de importação e pela alta dos preços do feijão e do arroz.

Estão comprometidos em favorecer a produção e o uso de agrotóxicos – até já liberaram a pulverização aérea de agrotóxicos nas cidades, a pretexto de combater mosquito.
Trabalham para alterar a legislação de modo a permitir que estrangeiros comprem terras no Brasil.

Preparam uma reforma previdenciária para sacrificar ainda mais os trabalhadores e as trabalhadoras das cidades e dos campos…

Nós reafirmamos nosso compromisso com outra agenda, oposta à deles.
Trabalhamos e continuaremos a lutar pela proteção ao trabalhador e à trabalhadora rural.

Defendemos a previdência rural como justiça social.

Trabalhamos e continuaremos a trabalhar pela reforma agrária e por uma larga expansão, na agricultura familiar, da produção de alimentos saudáveis.