PC da França: Solução para Turquia é a redemocratização do país

O Partido Comunista Francês (PCF) expressou solidariedade ao povo turco neste domingo (17) e afirmou que a solução para a Turquia, onde houve uma tentativa de golpe de Estado militar na sexta-feira (15), passa pela redemocratização do país.

Manifestantes em Ancara Recep Tayyip Erdogan, Turquia

Em nota publicada em seu site, o PCF diz que a “política de polarização extrema, orquestrada pelo AKP [Partido Justiça e Desenvolvimento, do presidente Recep Tayyip Erdogan], atiçou as fraturas no seio das Forças Armadas”.

Na sexta-feira (15), uma tentativa de golpe de Estado militar no país deixou mais de 290 pessoas mortas, segundo o Ministério de Relações Exteriores do país. De acordo com o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, ao menos 7.500 foram presas até esta segunda (18).

O comunicado afirma que democratas e progressistas na Turquia estão “emparedados entre a violência do Estado, a mobilização da extrema-direita e de ultrarreligiosos e a rebelião militar” e indica a redemocratização como solução para o país.

“Como enfatizado pelo Partido Popular Democrático [HDP, Partido de centro-esquerda pró-curdo] não pode haver outra solução que não seja a redemocratização da Turquia e o estabelecimento de uma paz duradoura em todo o país, especialmente nas cidades curdas cercadas há quase um ano pela polícia e exército”, diz o texto.

De acordo com o PCF, a política de Erdogan “conduz ao caos”, e tanto a França como outros países-membros da UE (União Europeia) devem condenar e parar de dar apoio ao presidente turco. Ele estaria, segundo o partido, tentando capitalizar os acontecimentos dos últimos dias para restaurar sua imagem e a da Turquia, que estava diplomaticamente “isolada”.

“É da responsabilidade da França e de países-membros da UE cessar seu apoio a este regime que representa para a Turquia e a região mais um obstáculo para a paz e a segurança coletiva”, diz a nota.

O texto afirma também que, após a tentativa de golpe no país, “o pior já está em marcha”, em referência à prisão de opositores de Erdogan, principalmente no Poder Judiciário e no Exército, “em violação total ao Estado de Direito”.

Segundo o Partido Comunista Francês, apesar de o presidente turco tentar se apresentar como “defensor da democracia”, ele tenta estabelecer “uma ditadura”, com medidas que “atacam liberdades”, como a pluralidade da mídia e a redução do poder de membros da oposição. Como exemplo, a agremiação citou a retirada de imunidade parlamentar para deputados da HDP em maio deste ano.