Candidato de Cunha é derrotado na eleição do presidente da Câmara

Para os comunistas, a derrota de Rogério Rosso também representa o fim da influência do presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no cotidiano do Legislativo.

Por Marciele Brum, do PCdoB na Câmara

Eleicao Rodrigo Maia - Foto:Rodrigues Pozzobon/Agência Brasil

 Com placar de 285 votos a 170, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) venceu o adversário Rogério Rosso (PSD-DF) em segundo turno da eleição para a presidência da Câmara dos Deputados no final da noite de quarta-feira (13). O mandato se estende até fevereiro de 2017.

À frente da Bancada do PCdoB na Câmara, o deputado Daniel Almeida (BA) avaliou o significado de derrotar Rosso, um dos principais aliados de Cunha, réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. “É uma demonstração da fragilidade da articulação política do governo Temer. Não há dúvida que o interino trabalhou pela eleição do Rosso, candidato do Centrão. Foram derrotados. Isso terá repercussão na base e na ação do governo golpista”, destacou Daniel Almeida.

No primeiro turno, a legenda tinha lançado candidato próprio, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP). A Bancada Comunista decidiu apoiar Maia, na segunda etapa, com o objetivo de acabar com a influência nefasta de Cunha no dia a dia da Câmara. “É a fragilização e a derrota definitiva do período Cunha e de seu grupo na Casa. Essa votação mostra que o Parlamento está buscando um novo caminho, a recomposição de seu funcionamento. Mostra para Cunha que não haverá manobras para manter sua influência”, disse o líder comunista.

Para o deputado Davidson Magalhães (PCdoB-BA), o resultado é uma derrota do “fisiologismo”. O parlamentar explicou que não estava em votação quem é a favor ou contra Temer e o impeachment. “Não podíamos deixar Cunha continuar no comando da Casa. Essa votação representou um corte fundamental com a administração Cunha e estimula a possibilidade de cassá-lo. Cunha é um símbolo da corrupção e da manipulação política. Isso tem de acabar para que o Congresso funcione. As votações ocorriam a fórceps. Temos de abrir o Parlamento novamente para a sociedade,” avaliou Davidson Magalhães.

A partir de agora, a ideia é tentar retomar o funcionamento democrático na Câmara com discussões de matérias nas comissões, sem lançar todos os temas diretamente no Plenário, sem diálogo prévio.

Assista abaixo a entrevista com o Líder do PCdoB, Daniel Almeida: