Dilma: "Querem tirar dos mais pobres o direito à casa própria"

A presidenta Dilma Rousseff segue sua agenda denunciando o golpe de Estado e os cortes sociais promovidos pelo interino Michel Temer. Nesta sexta-feira à tarde (8) ela visitou com o líder do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) Guilherme Boulos, o Condomínio João Candido, localizado na capital paulista. 

Por Laís Gouveia 

Dilma: "Querem tirar dos mais pobres o direito à casa própria"

O condomínio João Cândido, lançado em 2014, faz parte do "Minha Casa, minha Vida- Entidades" programa que foi extinto por Temer e tinha como objetivo a participação e gestão popular na construção das habitações, tentando desvincular o projeto do lucro exarcebados das empreiteiras.

Boulos explica que o programa oferta mão de obra aos moradores, que conseguem construir apartamentos maiores, com o mesmo orçamento oferecido às empreiteiras. 

Dilma percorreu os andares dos prédios e foi recebida para um lanche da tarde no apartamento de uma das condôminas, "Eu, todas as noites, agradeço primeiramente a Deus, ao Boulos e à senhora, por ter conquistado a minha casa própria, em nome de Jesus, esse projeto não pode acabar", disse a moradora à presidenta.

Fim do sonho da casa própria

Logo em seguida, a presidenta foi recebida por centenas de moradores que aguardavam sua fala. Aos gritos de "não vai ter golpe, vai ter luta", Dilma denunciou o pacote de maldades do presidente interino, que segue retirando conquistas históricas da classe trabalhadora, "O Brasil nunca realizou um programa com as dimensões do Minha Casa, Minha Vida. Por que nunca se interessaram com a questão da casa própria? Os mais ricos tem a sua casa, não estão nem ai para quem vivia em habitações precárias".

E continuou, "eles querem acabar com o Minha Casa, Minha Vida, temos que ficar atentos com o cancelamento da faixa 1 do programa, aqueles que ganham menos são os que mais precisam do apoio do governo para realizar o sonho da casa própria" , denuncia Dilma.

Pacote de maldades 

A presidenta seguiu sua fala alertando para o fim dos programas sociais e garantias trabalhistas, "o ministro ilegítimo, [Ricardo Barros], disse que a saúde não cabe no orçamento, sugerindo dois tipos de planos de saúde, um para os ricos e outro limitado para os pobres, isso é um absurdo, não podemos dividir o Brasil aqueles que podem pagar pela saúde plena e aqueles não podem". 

Dilma disse estar abismada com a proposta da CNI, que propõe "medidas duras" e citou a França como exemplo, país que aprovou a jornada de até 80 horas semanais e 12 horas para empregados.

"Esse tipo de absurdo a gente só escuta quando um governo priovisório, sem compromisso com o povo, assalta o poder. Essas conquistas trabalhistas não são de 13 anos, mas sim ganhos obtidos nas décadas de 40 e 50", afirmou a presidenta, que demontrava preocupação em sua fala.

Ela encerrou seu discurso dizendo que lutará até o fim em defesa da democracia, "Nós vamos resistir a esse golpe, nós não os tememos. Não tenho nenhum medo de enfrentá-los, eu honro o fato de ser a primeira mulher presidenta da república. Jamais renunciarei, o povo me deu 54 milhões de votos, mulher não cede na luta”, conclui.

Dilma participará às 18h, na Casa de Portugal, em São Paulo, de um ato com as mulheres contra o golpe, em defesa da democracia.