Aldo Rebelo defende a presidenta Dilma na Comissão de Impeachment 

“As pessoas deveriam ser honestas em dizer que querem retirar uma presidente do poder porque não a apoiam mais. Isso aqui é só uma formalidade sendo cumprida. Lamento e espero que a população perceba o que está acontecendo”, disse o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo, em seu depoimento nesta terça-feira (28), na Comissão do Impeachment no Senado. 

Aldo Rebelo defende a presidenta Dilma na Comissão de Impeachment - Agência Senado

Em seu depoimento ele informou que nunca foi advertido por técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre os créditos suplementares que beneficiaram sua pasta. “Nunca recebi nesses anos no Executivo nenhum tipo de advertência nesse sentido”, afirmou o ex-ministro da Defesa, que também dirigiu o Ministério da Ciência e Tecnologia no governo Dilma.

Ele também avaliou que o ano de 2015 não pode “ser caracterizado como um ano de desajuste das contas públicas, de exagero ou frouxidão nos gastos do Executivo. Não foi isso que eu vi, não foi isso que testemunhei", declarou o ex-ministro, manifestando apoio à presidenta eleita Dilma Rousseff.

Segundo Aldo Rebelo, a experiência dele em cargos do Executivo o levam a refletir que “a ideia que eu tenho, depois de uma longa experiência no Poder Executivo de execuções orçamentárias, é que o orçamento obedece à lógica da figura geométrica de uma pirâmide invertida”.

Ele explicou que invertendo a figura de uma pirâmide, a base seria a menor parte. “Aí é onde está o recurso”, destacou, detalhando todo o procedimento, a partir do duro contingenciamento de recursos que o governo faz todo ano, até que os recursos se transformem em limite financeiro. “Em pagamento é outra luta”, destacou, para em seguida criticar o pagamento dos juros que “o Estado brasileiro pode pagar livremente.”

Sentido inverso

“Portanto, a minha experiência vai exatamente no sentido inverso, no sentido contrário daquilo que tem sido debatido aqui. Ou seja, não sei como encontrar, no âmbito do Poder Executivo – com todos esses filtros, com todas essas barreiras –, decretos que tenham ferido a rigidez… Porque a única coisa que não é avaliada aqui é a despesa financeira. Ou seja, quanto aos juros, que o Estado brasileiro pode pagar livremente”, criticou o ex-ministro.

E enfatizou: “Para essa rubrica, o dinheiro é sagrado. Agora estamos discutindo aqui as pequenas migalhas: R$300 mil para comprar isótopos, radioisótopos e fármacos para tratamento de câncer. Foi o que nós conseguimos dar: R$300 mil! E isso se transforma num escândalo e, possivelmente, num fator que leva a se questionar até o mandato da presidente da República”.

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), em sua participação na oitiva de Rebelo, disse que repetiria as palavras que dirigiu ao ex-ministro do Ministro do Desenvolvimento Agrário Patrus Ananias, que depôs na segunda-feira (27):

“Eu gostaria – neste momento de crise econômica não só do Brasil, mas crise econômica do mundo inteiro, de estar aqui discutindo com V. Exª, por exemplo, o papel das Forças Armadas no desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil, na geração de empregos, mas, infelizmente, nós estamos aqui, numa Comissão de Impeachment. E dizemos, com muita convicção, que não é impeachment, é golpe, porque os crimes são inventados. Eles não existem.”