Só as ruas poderão impedir o golpe e preservar a democracia no Brasil.

A recente entrevista que o ministro Gilmar Mendes concedeu ao "O Cafezinho" expôs mais ainda as entranhas do golpe. Mas o que  mais chamou a atenção foi o recado que ele mandou, como se tivesse delegação dos demais ministros do STF.

Claudio Machado*

O que para mim se depreende de parte da entrevista é que se Dilma for afastada definitivamente pelo Senado, recursos ao STF serão inócuos, mesmo que a Suprema Corte brasileira tenha convicção de que ela não tenha cometido crime de responsabilidade ou qualquer outro crime.

Se as respostas de Gilmar Mendes refletem ou não a opinião do STF ou da maioria de seus membros, só o tempo poderá nos dizer, mas alguns trechos das respostas do ministro nos conduzem de  forma clara para essa interpretação.

Concluam vocês mesmos ouvindo a entrevista completa, da qual destaco dois trechos que exprimem inequivocamente o que afirmo aqui.

Ao ser indagado quanto a possibilidade de os governadores que pedalaram sofrerem também processo de impeachment, chama a atenção a parte da resposta em que o ministro diz: "…em suma, como se vê, o processo é político, é preciso que, veja, se ela também tivesse cometido o crime, ficasse flagrantemente provado  que ela tivesse cometido o crime e ela tivesse obtido 172 votos, ela também não seria processada."

Com essa resposta, se ela traduz a opinião da maioria dos ministro do supremo, fica evidente que nossa mais alta corte de justiça faz como Pilatos, deixando Dilma à sorte de um parlamento dominado por suspeitos de corrupção e outros crimes. Faz parecer que o STF, pelo menos por omissão, se alinha à intentona golpista.

Essa e omissão se destaca mais ainda, quando Gilmar Mendes responde a pergunta "se nem o 'Papa, Deus ou o Diabo' salvam Dilma, de nada vale  a defesa?" Em um trecho da resposta ele diz: "…na quinta feira que antecedeu o  processo de impeachment, nós ficamos (os ministros do STF) 7 horas discutindo todos os questionamentos sobre esse tema e exaurimos. Então, a rigor, no que diz respeito ao processo na Câmara, nós não tínhamos mais nada o que fazer. Tanto é que houve depois várias impugnações e elas todas foram indeferidas".

Como se vê, só as ruas poderão impedir o golpe e preservar a democracia no Brasil.

*Claudio Machado é secretário estadual de comunicação do PCdoB e coordenador do núcleo capixaba do Barão de Itararé.

Publiclado originalmente no blog "Combatente" 
claudiomachado65.blogspot.com.br