O amor só poderá ser trocado por amor, confiança, por confiança

Os acontecimentos da madrugada de domingo (12), em Orlando, nos Estados Unidos nos fazem pensar na humanidade. A primeira reação de muitos é desacreditar na humanidade, diante de tanto horror. Acho justa e explicável esta reação. Mas acho que não é o mais adequado sentimento.

Por Jorge Panzera*

Atentado em Orlando - Reprodução

É verdade que é um horror o que ocorreu nesta tragédia. Mas creio que não deve ser creditado a humanidade toda esta atitude de tanto desamor. Acontecimentos como este são frutos de um período da história humana, período triste e de desesperanças. Resumo o atual momento da humanidade no título de um grande livro de um dos maiores escritores do mundo, o americano John Steinbeck: "O inverno de nossas desesperanças".

Mas este período não é fruto de toda a humanidade. É parte de um momento triste da humanidade, a hegemonia do pensamento capitalista neoliberal, de odes ao mercado e a liberdade total para o capital e opressão das pessoas e da maioria da humanidade. Este acontecimento de Orlando se assemelha ao horror da crise humanitária que vive a Europa com a imigração.

Momentos como esses nos fazem refletir e, a cima de tudo, ampliar a nossa indignação, nossa revolta e nossa luta contra todos os tipos de preconceitos e intolerância. A humanidade é por natureza diversa e precisamos cultuar um sentimento de tolerância e respeito às diferenças.

São justas e necessárias a tristeza e a revolta contra este acontecimento trágico. É também justo e necessário cerrar fileiras na luta por um novo tipo de organização social no mundo, que valorize o principal, as pessoas. Que tenhamos capacidade de construir um mundo de respeito e tolerância, de liberdade. Um mundo em que o trabalho seja valorizado e que a humanidade se respeite como somos, humanos e diversos.

Mais do que nunca estão atuais as palavras de Karl Marx: “Suponhamos que o homem seja homem e que sua relação com o mundo seja humana. Então, o amor só poderá ser trocado por amor, confiança, por confiança".

*Jorge Panzera, membro do Comitê Central do PCdoB e presidente do PCdoB no Pará