NYT propõe ao governo Temer mais esforço no combate à corrupção

Mesmo conservador, o mais importante jornal dos EUA, destaca em seu editorial que desde o primeiro momento, o presidente interino Michel Temer convocou para o alto escalão de seu governo, políticos ligados ao escândalo de corrupção na Petrobras.

Este fato, segundo o jornal, levantou o debate sobre as reais intenções do governo Temer no processo de impeachment contra Dilma e que o mesmo pode ter sido causado por “segundas intenções” de envolvidos para barrar as investigações da Operação Lava Jato. “As nomeações reforçaram a suspeita de que o afastamento temporário da Presidente Dilma Rousseff no mês passado por suposto uso de manobras fiscais ilegais visando equilíbrio orçamentário tinha segundas intenções: encerrar as investigações”.

O editorial lembra da atitude de Dilma ter sido adversa de Temer. “No início deste ano, Dilma disse que, a longo prazo, seria saudável para o país permitir a continuidade das investigações sobre propinas na Petrobras”.

O NYT lembra que o senador Romero Jucá (PMDB) que apenas duas semanas após ter sido nomeado ministro de Planejamento de Temer, foi afastado do cargo, após gravações vazadas em que Juca admite que a única maneira de se livrarem das investigações da Lava Jato seria o afastamento de Dilma da Presidência da República como parte de um acordo entre parlamentares. “Essa era a única forma, disse Jucá, de garantir que o Brasil ‘volte à calma’, destacou o editorial.

O texto ressalta ainda que o responsável pelo combate à corrupção do governo Temer “foi forçado a se demitir” do cargo de ministro da Transparência “após outro constrangedor vazamento”.

“Levando em conta os homens que cercam Temer, fica difícil acreditar” que seu governo fará o combate à corrupção.

O jornal norte-americano sugere ao presidente brasileiro que “para ganhar a confiança dos brasileiros, o presidente interino e seu gabinete precisam tomar medidas concretas contra a corrupção.”

Entre parênteses, mas com importante enfoque, o NYT cita que “grande parte dos manifestantes consideram a suspensão de Dilma um golpe”.

Foro privilegiado

O jornal explica que a legislação brasileira permite que “altos funcionários do governo, incluindo legisladores, desfrutam de foro privilegiado na maioria dos casos”.

Para o periódico, a lei colabora com “a cultura de impunidade e corrupção institucionalizada”. E encerra o editorial sugerindo uma mudança na lei de imunidade como saída para o governo Temer diante da desconfiança dos brasileiros sobre a eficácia de sua gestão. “Não se sabe o esforço que Temer está disposto a fazer para eliminar a corrupção. Se estiver de fato empenhado, e quiser acabar com as suspeitas sobre as segundas intenções do afastamento de Dilma, seria prudente propor uma lei que retire a imunidade de legisladores e ministros em caso de corrupção”.