Ni Una Menos: mulheres vão às ruas contra o machismo na Argentina

Assim como no Brasil, a Argentina também passa por um processo intenso de luta contra o machismo. Com a palavra de ordem “Ni una menos” (nem uma a menos), as argentinas saem às ruas hoje em mais de 100 pontos pelo país. A principal manifestação acontece na capital, Buenos Aires, em frente ao Congresso Nacional.

Ni Una Menos - CN5

Mães, irmãs e amigas de mulheres assassinadas se organizaram e convocaram a manifestação nesta sexta-feira (3) por meio de uma coletiva de impressa a partir do Congresso Nacional.

Além dos familiares, as Mães da Praça de Maio, icônico movimento social argentino que busca filhos e netos desaparecidos na ditadura militar, também protagonizam as manifestações. Deputadas de esquerda e dirigentes de outros movimentos sociais integram o coletivo Ni Una Menos.

No ano passado já houve uma grande onda de mobilizações por todo o país em rechaço à violência contra as mulheres. Segundo a jornalista e escritora Florencia Abbate, integrante do coletivo, o objetivo é que este ano a mobilização seja ainda maior.

Ela anunciou que a titular do Conselho Nacional de Mulheres, Fabiana Tuñez, confirmou que em julho vai apresentar um Plano Nacional de Ação para a Prevenção, Assistência e Erradicação da Violência contra as Mulheres. O plano está contemplado na Lei 26.485, sancionada em 2009, para articular políticas públicas relacionadas a esta violação de direitos. "Exortamos aos deputados e deputadas que apoiem o plano e solicitamos que se implemente apoio legal gratuito para as vítimas de violência de gênero, que é lei do Congresso”, disseram as organizadoras.

O atual presidente do país, Mauricio Macri, quando era governador da província de Buenos Aires (cargo que exerceu por 8 anos), dissolveu o setor estatal responsável pelo combate à violência contra a mulher e anulou as políticas públicas de atendimento à vítimas de abuso sexual.

Depoimentos

Quando as mães de mulheres assassinadas começaram a se pronunciar, o clima foi de comoção e todas choraram ao relatar os atos violentos que vitimaram suas filhas. “Minha filha não vai voltar, mas estou aqui e nesta sexta-feira marcho por cada uma de nós. Que não nos maltratem, que não nos menosprezem por sermos mulheres!”, pediu Catarina Cavalhae, mãe de Suhene.


Ilustração do cartunista argentino Liniers produzida em 2015 em apoio às manifestações das mulheres


"Somos a voz de nossas filhas que já não estão ente nós”, disse Gumercinda Gimenez, mãe da jovem Judith, assassinada em 2007.

"Minha mãe tem a sorte de me ter aqui. Meu ex-companheiro não conseguiu me matar”, disse Romina Meneghini, que chegou apoiada nas muletas que usa depois de ter sido baleada pelo ex-marido e passar por 56 cirurgias e três ataques cardíacos. O ex-companheiro de Romina está solto.