Desmonte do ministério acaba com acesso do povo à educação

Um Ministério da Educação voltado ao conservadorismo, à perseguição à liberdade de expressão e ao desmonte dos avanços inclusivos. Com a mudança do ministério, reflexo de um golpe de estado imposto ao país, em poucos dias, o ministro Mendonça Filho (DEM) reuniu-se com o grupo extremista revoltados on-line, nomeou um representante do ensino privado na pasta que regulamenta o setor e agora exonera funcionários que promovem políticas públicas estratégicas para o acesso das minorias.

Por Laís Gouveia

Denuncia: Desmonte no MEC acaba com acesso do povo à educação

Segundo Madalena Guasco, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee) e membro do Fórum Nacional de Educação, o governo interino, de forma ilegítima, está desmontando as políticas públicas e de Estado de Educação.

"O ministro Mendonça Filho demitiu e remanejou os funcionários que davam apoio ao Fórum Nacional de Educação, inviabilizando o funcionamento do fórum, que tem como função acompanhar as políticas públicas, em especial o Plano Nacional de Educação (PNE)", denuncia educadora. 

De acordo com ela, o governo desmontou a secretaria responsável pela inclusão e educação de jovens e adultos (EJA). "Com uma canetada, ele desfez o trabalho de 10 anos. Quem sofrerá com isso são os jovens brasileiros que não conseguiram frequentar o ensino regular na idade certa. Ele está encerrando as políticas de educação de forma ilegítima, já que, sendo um governo interino, não poderia atuar nesse sentido, pois as políticas que ele está inviabilizando são de Estado, como exemplo o PNE, suas metas, e também o Fórum Nacional de Educação", critica. 

Da inclusão ao preconceito

Camila Moreno, exonerada nesta quarta-feira (2) da coordenação de direitos humanos do MEC, estrutura que compõe a secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do ministério, afirma que, com o fim das políticas que tratam sobre a diversidade e a inclusão, um ciclo de avanços se encerra no Brasil.

"Estávamos na coordenação de direitos humanos realizando diversos cursos de formação para professores, com o objetivo de implementar uma pegagogia não sexista e transformadora, enviávamos materiais às escolas para o diálogo da questão de gênero, travamos o combate à LGBTFobia e ao machismo, o PronatecTrans seria lançado em breve, ou seja, nossa atuação era para todos que se encontram em situação de vulnerabilidade e não tinham acesso à educação", diz. 

"Várias ações que estavam em curso serão prejudicadas, pois o governo Temer não tem o mínimo de comprometimento com uma parcela da população que sempre foi privada do acesso a um modelo educacional inclusivo e transformador. É fácil perceber esse caráter do ministério, quando ele apoia a Escola Sem Partido, projeto que ignora a existência do preconceito e discriminação na sociedade e criminaliza os professores, tornando a educação um instrumento do pensamento dominante", conclui Camila.  

Manifestação

As entidades do movimento de educação estão organizando uma plenária na próxima quarta-feira (8), em Brasília. O objetivo do fórum é denunciar o desmonte educacional promovido pelo governo ilegítimo Temer.

Confira abaixo a íntegra da fala da Camila Moreno: