Pedido de cassação de Cunha é bem recebido por parlamentares 

O relatório apresentado no Conselho de Ética da Câmara pedindo a cassação do mandato do presidente afastado da Casa, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi recebido como uma vitória da democracia e do parlamento brasileiro. Deputados de várias siglas elogiaram a solidez do documento que deve ser aprovado no colegiado na próxima terça-feira (7) e, sem seguida, no plenário da Câmara, afastando definitivamente do parlamento o poder nefasto de Cunha.

Pedido de cassação de Cunha é bem recebido por parlamentares - Agência Câmara

"O relatório apresentado ontem (quarta-feira) é muito contundente e consistente, fruto de um bom trabalho do deputado Marcos Rogério, que apresentou um sólido documento, onde não resta dúvidas da prática de graves irregularidades cometidas pelo deputado Eduardo Cunha, durante o mandato”, avalia a deputada Luciana Santos (PCdoB-PE), que é também a presidenta nacional do Partido.

Para ela, “no momento, há no Brasil um grande sentimento por justiça e mais que nunca a Câmara dos Deputados precisa cumprir seu papel e colaborar com o combate a corrupção. O Conselho de Ética está chamado a cumprir seu papel e aplicar a pena que é devida e indicada pelo relator, que é a cassação do mandato".

O deputado Chico Alencar (Psol-RJ) – um dos autores do processo do pedido de cassação de Cunha no Conselho de Ética – faz avaliação semelhante. “o relatório foi perfeito, desmontou toda a defesa. Espero que a população brasileira – nossa patroa – cobre o “sim” ao seu completo e alentado relatório, que traz as provas de como o deputado afastado feriu gravemente a ética e o decoro parlamentar”, afirmou.

“Até as pedras sabem o quanto Cunha mentiu na CPI, e mais grave, ocultou patrimônio fruto de corrupção utilizando artifícios para escamotear a verdade. O relatório vem nesse sentido e não há outra pena cabível que não seja a perda do mandato”, avaliou o deputado Rubens Pereira Júnior, acrescentando que “Cunha esperneia, tentando mais uma manobra, mas acredito que é caminho infrutífero. O ânimo do plenário é votar favorável ao relatório pela solidez dos argumentos e fatos narrados no parecer do relator.”

Manobras de Cunha

Os deputados também destacaram as manobras protelatórias de Cunha, que transformaram o processo no mais longo que a Câmara já analisou. Chico Alencar disse que “uma das razões do poder do réu afastado Eduardo Cunha é a pressão, a chantagem, a ameaça. O Conselho de Ética honrou sua própria existência com a conclusão desse processo . E como foi difícil chegar até aqui.”

Luciana Santos também lembrou as manobras feitas pelo presidente afastado da Câmara e seus aliados, “que há quase um ano tenta postergar a decisão do Conselho de Ética, destituindo relatores e articulando para cancelar pareceres anteriores, entre outras medidas”, enfatizando a necessidade do relatório ser votado, sem aceitar novas manobras.

De joelhos

Em discurso no plenário da Câmara, logo após a apresentação do relatório, o deputado Henrique Fontana (PT-RS) afirmou que, “depois de muitas manobras postergatórias”, a Comissão de Ética consegue concluir o processo. E destacou que “o ex-deputado Eduardo Cunha — nem deputado mais é -, continua sendo blindado por um grupo que às vezes não aparece, mas que em silêncio participa de todas as manobras, para fazer desse processo no Conselho de Ética o mais longo que jamais a Câmara Federal do Brasil enfrentou para cassar o mandato de alguém. E vejam que o volume de crimes do ex-deputado Cunha não é pequeno.”

Segundo ele, “infelizmente, uma parte do Parlamento brasileiro está entregando, de joelhos para Eduardo Cunha, a credibilidade da representação que esta Casa deve ter para representar o povo brasileiro. O silêncio do Governo interino, temporário e ilegítimo do Presidente Michel Temer indica que a sua base de sustentação está protegendo Eduardo Cunha e participa das manobras.”

Rubens Pereira Júnior também destacou a atuação dos deputados que Cunha representa na Câmara. “Não se pode imaginar que os problemas políticos dentro do parlamento sejam resolvidos com a cassação de Cunha”, afirmou, lembrando que “o problema não é ele (Cunha), não podemos personificar a crise, ele representa 200 deputados com perfil semelhantes, que responde processo no STF, envolvido na Lava Jato, financiado exclusivamente por empresas e que aluga o seu mandato.”