Jovem da UJS expõe golpe de Estado no Brasil em evento do PC francês

A militante da UJS, Andreia Duavy, participou entre os dias 27 a 28 de maio de um evento na região do Vale do Marne preparatório para o Congresso do Partido Comunista Francês (PCF). Na mesa internacional da qual Andreia participou estavam presentes Laurence Cohen, senadora comunista presidenta da comissão de solidariedade à América Latina; Hamin Ozbek, diretora da Casa de Solidariedade França-Curdistão; e Fabien Cohen, Secretário da América Latina do PCF de Vale de Marne.

Da direita para a esquerda: Andreia Duavy, Laurence Cohen, F. Lefebvre Hamin Ozbek e F. Cohen

O evento contou com 250 delegados e os temas mais discutidos foram a reforma da lei trabalhista, motivo de grandes manifestações recentes na França, e as orientações políticas para os próximos 3 anos.

O Congresso Nacional do partido será realizado de 2 a 5 de junho e o PCdoB será representado pelo seu secretário de Política e Relações Internacionais, José Reinaldo Carvalho.

"É importante dizer que a democracia brasileira é muito jovem, há apenas 27 anos saímos de um período ditatorial com uma anistia que beneficiou e protegeu ditadores; por isso as ideias conservadoras ainda possuem eco na sociedade”, disse Andreia em uma de suas intervenções.

Ela também abordou a questão das oligarquias familiares comandantes da grande mídia e com um “papel protagonista no golpe de estado, pois durante os últimos 14 anos de governos progressistas, os maiores canais de comunicação fizeram oposição ao PT, deslegitimando inclusive as conquistas sociais ou simplesmente ignorando-as”.

Andreia citou os avanços no país durante o período Lula e Dilma, como a saída do mapa mundial da fome por meio do programa Bolsa Família, e o Minha Casa, Minha Vida, responsável por mais de 1 milhão de casas entregues a pessoas de baixa renda, entre outros avanços.

Ponderou também que “apesar dessas conquistas, um outro fato é que o PT não promoveu as reformas necessárias pra mudar o sistema político brasileiro, baseado em práticas arcaicas de trocas de favores, personalista e ligado à ideologia, como todo estado burguês, dominante”.

Em relação ao Partido Comunista do Brasil, a jovem relembrou que o partido "vem denunciando a tentativa de golpe, a partir do pedido de recontagem dos votos, solicitado pela oposição derrotada na mesma semana do resultado das eleições” e continuou denunciando que esta tentativa ilegítima de derrubada “vem se confirmando a cada dia do mandato do presidente interino, que assumiu o projeto de governo derrotado nas eleições, impondo uma agenda neoliberal de favorecimento às empresas privadas, corte de direitos trabalhistas, redução de gastos com os serviços públicos e, inclusive de entrega do pré-sal”.

"Essa semana, dois áudios divulgados pela Polícia Federal confirmam o caráter golpista do processo de impeachment”, continuou Andreia. De acordo com o conteúdo das gravações, “a saída de Dilma é citada como a única forma de barrar a operação Lava-Jato, em um grande acordo que incluiriam setores jurídicos importantes do país, os partidos de direita e as elites brasileiras”.

A situação do golpe no Brasil em relação aos demais países da América Latina, também foi tema da intervenção de Andreia Duavy. "É importante frisar um outro caráter do golpe", sublinhou.

"É que toda a América Latina passa por um momento de ofensiva conservadora, vemos isso claramente na eleição de Macri na Argentina, nas tentativas de desestabilização na Venezuela e no Equador e na deposição de Fernando Lugo no Paraguai”.

A senadora comunista Laurence Cohen realizará dia 1º de julho uma audiência pública na casa parlamentar francesa sobre a situação no Brasil.