Eleições no Peru: dois projetos neoliberais em disputa

O segundo turno das eleições presidenciais do Peru acontece no próximo domingo (5). A candidata de esquerda, Veronika Mendonza subiu muitos degraus na corrida eleitoral, saiu de 7º para 3º lugar, mas não chegou à disputa final. O país agora terá que decidir entre dois projetos neoliberais, um defendido por Keiko Fujimori, a filha do ditador Alberto Fujimori, e outro pelo representante do mercado, Pedro Pablo Kuczynski.

Pedro Pablo e Keiko Fujimori - Efe

Cientistas políticos afirmam, porém, que apesar de se tratar de dois projetos neoliberais, o ambiente é de muito confronto entre os candidatos. Enquanto Keiko carrega a imagem do pai, o ditador que cometeu graves crimes de lesa humanidade enquanto esteve no poder; Kuczynski é considerado o “presidente débil”, representante dos grandes grupos econômicos.

Esta é a segunda vez que Keiko se candidata pela aliança Força Popular. A imagem do pai, porém, afeta a candidatura porque há um certo movimento “anti-fujimorista”. Alberto Fujimori governou o país de 1990 a 2000, neste período dissolveu o Congresso, violou direitos humanos e desviou recursos públicos. Depois de deixar o cargo buscou exílio no Japão e atualmente cumpre pena em regime fechado no Peru.

Apesar de ter sido oficialmente condenado pela Justiça, Fujimori conta com respaldo popular de uma parcela da classe média peruana. Segundo especialistas, se Keiko vencer as eleições, a Força Popular terá dois membros da família Fujimori no governo, ela no poder Executivo, e o irmão Kenji no Congresso.

Aliado aos grupos econômicos estrangeiros, o candidato Pedro Pablo Kuczysnki usa a figura do ditador para atacar a candidatura de Keiko e acusa sua concorrente de “receber conselhos do pai”.

Esta também é a segunda vez que Pedro Pablo busca a presidência da República do Peru, em 2011 ele já havia sido candidato pela Aliança pela Grande Mudança.

O neoliberal fugiu do país em 1968, durante o governo revolucionário de Juan Velasco Alvarado porque foi acusado de vender dólares à empresa estrangeira International Petetroleoum Company enquanto ocupava um alto carago no Banco Central de Reserva do Peru.

Segundo a imprensa local, o candidato representa os interesses dos Estados Unidos e um eventual governo dele dará continuidade ao modelo de exploração de recursos naturais para beneficiar transnacionais.