Golpe é filhote da degradação do jornalismo, diz ex-ombudsman da Folha

Para o jornalista Mario Vitor Santos, ex-ombudsman da Folha de S.Paulo, o golpe que afastou a presidenta eleita, Dilma Rousseff, e levou o vice, Michel Temer, a assumir interinamente a Presidência da República, é filhote da degradação do jornalismo brasileiro. 

Mario Vitor Santos - Fernando Carvalho / MídiaVisão

"Veículos de mídia cederam ao populismo que inflama os ódios de classe e leva o país a vivenciar mais um golpe contra as instituições", diz Mario Vitor, em artigo publicado nesta quarta (18) no jornal Folha de S. Paulo.

Para ele, que atualmente é diretor da Casa do Saber, "fica para conferir se a mídia terá, no governo Temer, a mesma obsessão higienizadora e incriminatória que exibe contra a ordem petista".

Ele enfatiza que o jornalismo tem como princípio o dever de "informar os fatos de pontos de vista diferentes e contrários", mas, ao contrário, os veículos brasileiros, "quase todos em dificuldades financeiras e assediados pelos novos hábitos do público, uniram esforços na defesa de uma ideia única".

"Compactaram-se em exageros, catastrofismo e idiossincrasias. Agruparam-se de um lado só da balança, fortes para nocautear um governo, mas fracos para manter sua própria razão de existir, a autonomia", completou.