Estudantes paraguaios declaram greve geral por tempo indefinido

Depois da renúncia da ministra da Educação e Cultura, Marta Lafuente, os estudantes secundaristas do Paraguai seguem em luta. Nesta segunda-feira (9) eles anunciaram uma greve geral que só termina quando o presidente Horácio Cartes atender às exigências, entre elas, alimentação gratuita nas escolas e distribuição de livros.

Por Mariana Serafini

Manifestação estudantil no Paraguai - Cigarrapy

A paralisação geral foi organizada por três entidades estudantis de alcance nacional: Organização Nacional Estudantil (ONE), Federação Nacional de Estudantes Secundaristas (Fenaes) e Unidade Nacional de Centros de Estudantes do Paraguai (Unepy).

Por meio de um comunicado oficial, as entidades esclarecem quais são todas as exigências. Eles pedem aumento dos investimentos federais no sistema de educação pública, melhor formação profissional para os professores, reformulação estrutural do sistema educacional e do ministério da Educação e Cultura, assim como distribuição de alimentação gratuita e livros didáticos.


Escola no interior do país, onde os poucos alunos e a professora também apoiaram a paralisação

 

Além disso, os estudantes declaram “emergencial” a situação estrutural de várias escolas. Muitas não tem sequer um prédio, crianças estudam sob árvores em campos abertos no interior do país; outras são construídas em madeira e os alunos sofrem com goteiras, frio e excesso de calor. Há também as escolas que não fornecem mesas e cadeiras adequadas e algumas crianças estudam sentadas até mesmo em baldes e cepos de madeira.

Diferente do Brasil, onde 10% do PIB é destinado à educação, no Paraguai apenas 3,5% tem este fim. Significa apenas a metade do aconselhado pela Unesco, que é 7%.


O improviso pela educação, um balde e uma tábua foram transformados em uma "carteira escolar"
 

As manifestações começaram no dia 3 de maio, quando os estudantes secundaristas da Escola República Argentina ocuparam o prédio e prometeram não sair até que a ministra da Educação e Cultura renunciasse. A resposta veio rápido, em apenas dois dias havia mais de 17 escolas ocupadas em todo o país e outras 600 apoiaram a manifestação, no dia 5 a ministra renunciou.