Em reintegração, PM retira jovens do Centro Paula Souza com violência

Os estudantes que mantinham a ocupação do Centro Paula Souza desde a última quinta-feira deixaram nesta sexta-feira (5) a unidade, O prédio no centro velho de São Paulo abriga a administração da autarquia responsável pelas escolas técnicas estaduais. A operação foi tensa. Os policiais militares da Tropa de Choque chegaram em cinco caminhões por volta de 5h e se postaram com armas em punho diante do edifício.

PM retira jovens do Centro Paula Souza com violência

Por volta de 6h20, o mandado de reintegração foi recebido pelos estudantes, que tiveram 40 minutos para sair. Os alunos decidiram que a retirada seria pacífica, sem reação. Os policiais, entretanto, foram truculentos. Às 7h, começaram a segurar com hostilidade os jovens que viam pela frente e arrastá-los para foram. Foram desferidos socos, empurrões e golpes de cassetete. Parte da imprensa foi impedida de se aproximar e ficou separada por uma barreira policial. O jornalista Mauro Donato, do Diário do Centro do Mundo, teve ferimento no supercílio, segundo relato de um estudante.

A reintegração de posse foi executada poucas horas depois de o Tribunal de Justiça decidir autorizar a polícia do governo Alckmin a utilizar armamento letal e não letal na operação.

Os estudantes saíram em caminhada pelo centro e chegaram a bloquear a Avenida Tiradentes, principal via de acesso entre a zona norte, a região central e a zona sul da cidade.

O ensino técnico de São Paulo sofreu um corte de 72% no orçamento no último ano. Parte das escola não tinha fornecimento de alimentação mesmo para os alunos que estudam em tempo integral. As ocupações, que hoje se estende a 15 escolas técnicas estaduais, reivindicam ainda a instalação de CPI na Assembleia Legislativa de São Paulo – que também está ocupada – para apurar o escândalo de corrupção envolvendo fornecedores e agentes públicos. Entre os acusados está o presidente do Legislativo, Fernando Capez (PSDB).

O movimento estudantil protesta também contra o processo de reorganização escolar promovido pelo governo Alckmin. No ano passado, o governo foi obrigado a rever seu plano de fechamento de turmas e escolas em toda a rede estadual depois de ver a comunidade escolar reagir com a ocupação de 211 escolas.

A Apeoesp, sindicato dos professores do estado, apurou, no entanto, que o processo de reorganização vem ocorrendo de modo "disfarçado" e acionou o Ministério Público. A Secretaria Estadual de Educação admitiu ao órgão que mais de 1.600 turmas em todos os níveis, do básico ao médio, foram fechadas nos primeiros meses deste ano. A entidade defende que a sociedade e movimentos sociais organizem um Grito pela Educação Pública de Qualidade.