Fora do grande círculo: Primeiro tempo

Olá torcedoras e torcedores. Sejam todas (os) bem vindas (os) a Coluna “Fora do grande círculo” que tem como objetivo debater sem maiores pretensões e com um olhar de torcedor o futebol fora do grande eixo, ou ainda, mesmo que inserido em um grande pólo futebolístico, fora dos refletores da grande mídia, longe do apoio das federações e da nossa gloriosa CBF.

Por Thiago Moro*

Gol do Operário de Ponta Grossa na final do campeonato Paranaense de 2015

Quando fui convidado pelo meu xará Thiago Cassis, colega do coletivo “Futebol, Mídia e Democracia” a escrever uma coluna semanal em um dos principais sítios do Brasil, o Portal Vermelho, me senti lisonjeado e também com muita responsabilidade por saber do perfil do internauta que busca informações por esses gramados e pautei em nossa conversa que meu objetivo principal era o que explanei no parágrafo de pontapé inicial desta coluna.

No entanto, o fato futebolístico desta semana, talvez do ano e por que não dizer da década, precisava passar por essas linhas.

O título de campeão inglês do Leicester, apesar de estar em um grande centro futebolístico mundial, com grandes cifras e com muitos holofotes, foge a regra geral da mercantilização da bola e por isso mereceu estar nesta minha coluna de estreia. É um time de fora do grande círculo e que só poderia ter sido campeão no futebol, esporte que é tratado por muitos como a principal invenção do homem.

O Leicester jamais seria campeão no basquetebol, nunca seria campeão no voleibol, de maneira alguma ergueria troféu no handebol. Não quero aqui desmerecer esses esportes, que inclusive já pratiquei e que sempre acompanho quando posso, mas provar com isso que a ação de empurrar uma bola com os pés é muito mais que um simples esporte. Uma atividade capaz de levar ao topo, com bons exemplos, aqueles que nem sempre são os que mais têm bala na agulha ou mais garrafas vazias para vender.

Neste 3 de maio último, comemorou-se um ano do título estadual de campeão paranaense do Operário Ferroviário Esporte Clube, time centenário fundado na cidade de Ponta Grossa em 1912 por trabalhadores das ferrovias e que venceu o maior vencedor de títulos do estado, o Coritiba Foot Ball Club por 5 a 0 no placar agregado, erguendo a taça de campeão estadual pela primeira vez em 103 anos de história.

Um título que, com suas devidas peculiaridades e proporções, se assemelha muito a esse do time inglês comandado pelo italiano Cláudio Ranieri, o Itamar Schülle** do Leicester. Ambos são times tradicionais em suas regiões, com orçamento reduzido perto dos grandes e que nunca foram favoritos, mas que contam com uma torcida apaixonada que chorou enlouquecida com a conquista e com uma cidade capaz de vestir as suas cores.

Ah o futebol! Como nos apaixona e como nos emociona. Vibrei com o título do Leicester quase como vibrei com a conquista do meu Operário Ferroviário, por ser a vitória deste contra um sistema, contra o planejado, contra o esperado.

Afinal, o futebol que queremos é esse, com muitas mais vitórias de Operários e Leicesters…

Uma ótima semana e até a próxima quinta!