Antes de sair, Cunha tenta vingança contra movimento estudantil 

Às vésperas de ser afastado da Presidência da Câmara e do mandato de deputado federal, o que ocorreu na manhã desta quinta-feira (5), Eduardo Cunha (PMDB-RJ) tentou mais uma manobra contra aqueles que se opunham às suas práticas criminosas. Desrespeitando o Regimento da Casa, ele autorizou, nesta quarta-feira (4), a criação da CPI para investigar a União Nacional dos Estudantes (UNE). Em discurso, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), denunciou a ilegalidade praticada por Cunha.  

Antes de sair, Cunha tenta vingança contra movimento estudantil

“Eduardo Cunha deu mais uma demonstração de porquê não pode continuar presidindo esta Casa, com a sua ânsia e vontade de perseguir aqueles que fazem resistência e denunciam sua conduta autoritária. Desrespeitando o Regimento, Cunha leu o despacho autorizando a criação da CPI fora da sessão ordinária e ignorando a fila das CPIs. Então há violação do Regimento e a criação da CPI é ilegal”, argumentou Pimenta.

Ele destacou que o Regimento da Câmara limita em cinco o número de CPIs funcionando simultaneamente, com observância da ordem de apresentação dos respectivos requerimentos de criação, critério que não foi respeitado pelo réu Eduardo Cunha.

Na avaliação de Pimenta, o presidente da Câmara mais uma vez agiu “numa clara conduta de vingança, da mesma forma como agiu ao decidir abrir o pedido de impeachment contra a presidenta Dilma – mulher honrada e que não responde a nenhum crime – porque não teve apoio do PT para livrá-lo do processo de cassação do seu mandato no Conselho de Ética”.

Fim de Cunha

O parlamentar está confiante de que os desmandos de Cunha terão fim ainda nesta semana, com a análise pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta-feira (5), do processo que pede o seu afastamento da Presidência da Câmara.

“O STF, depois de muitas cobranças e mobilizações, vai analisar o pedido de afastamento de Cunha da Presidência da Casa. Além do pedido do Ministério Público Federal, que elencou 11 motivos para o afastamento de Cunha e já aguarda esta análise há 140 dias, tem também o pedido protocolado pela Rede Sustentabilidade”, destacou.

“Tenho convicção – e esta certeza é também do povo brasileiro – de que a partir da semana que vem teremos um presidente que olha para o parlamentar quando este fala e que não vira as costas para os deputados quando é criticado ou denunciado por suas condutas. Temos que ter à frente desta Casa um presidente que possa reunir condições éticas, morais, políticas e jurídicas para o cargo”, ressaltou Pimenta.

Fruto de golpe

Na avaliação do vice-líder do PT, o presidente Eduardo Cunha é o algoz e mentor intelectual do golpe parlamentar para tirar a presidenta Dilma. “Eduardo Cunha, para salvar seu mandato, fez um conluio com setores da oposição e com setores do PMDB ligados a Temer, que queriam o poder, mas sabiam que nunca chegariam pelo voto popular”, disse.

O deputado Paulo Pimenta disse que os autores do golpe parlamentar não vão conseguir seus objetivos. “Assim como Eduardo Cunha será afastado da Presidência da Câmara, também Michel Temer sabe que não vai governar, porque um governo fruto de golpe, sem legitimidade do voto, não reúne condições para presidir o Brasil e o povo que foi às ruas pedir um governo que lute contra a corrupção sabe que um eventual governo Temer/Cunha não terá como característica o combate à corrupção e a moralidade pública que o cargo exige”, enfatizou.

“O golpe parlamentar engendrado por Cunha e Temer coloca nossa Constituição no lixo e rasga a democracia. Mas, o lugar que a História reserva para conspiradores e traidores é a porta dos fundos, por onde eles entram e adormecem eternamente na lata do lixo da História. Este é o lugar para aqueles que rompem o processo democrático, que apoiam a ditadura e afrontam uma mulher honesta e eleita com mais de 54 milhões de votos”, finalizou Pimenta.