Vanessa: Denúncia é frágil e a batalha contra golpe está só começando

No dia em que o Senado elegeu a comissão que decidirá sobre o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) defendeu que nesta nova etapa o debate deverá ser mais qualificado que na Câmara. Segundo ela, os deputados analisaram o impedimento de forma “açodada” e sem se focar nas questões centrais do processo. “A luta contra o golpe no Senado está apenas começando, e estamos prontos para esta batalha”, disse, classificando o processo como “frágil”.

Vanessa Grazziotin

Integrante da comissão especial, Vanessa disse ao Portal Vermelho que tem cobrado na tribuna uma “análise sobre os fatos”, sobre as acusações que a peça contra Dilma traz. Trata-se de uma tentativa de evitar que aconteça no Senado o mesmo que se viu na Câmara, onde, dos 367 deputados que votaram pelo impeachment, apenas 16 citaram as acusações atribuídas a Dilma.

“A oposição foge deste debate, prefere utilizar outros argumentos, mas não há como deixar a acusação formal de lado, como fez a oposição na Câmara. Aqui [no Senado] a conversa é outra. Vamos enfrentar o debate na Comissão com esta certeza. Não há crime de responsabilidade”, afirmou a senadora.

De acordo com Vanessa, a peça que solicita o afastamento da presidenta “é frágil e superficial”. “Chega-se ao cúmulo de se acusar responsabilidade de Dilma na concessão do Plano Safra de 2015, chamado por eles de ‘pedalada fiscal’, por que ela ‘conversava muito com o secretário do Tesouro Arno Augustin’ e ele era o responsável pelos recursos. Ora, veja você o nível desta afirmação. Outros aspectos são os decretos. Decretos pedidos por outros poderes e pelo próprio TCU”, criticou.

A senadora concorda com a avaliação de que as discussões sobre o impedimento na Câmara foram atropeladas e passaram longe do cerne das denúncias. “Foi um teatro alimentado pela vingança do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, contra a presidenta Dilma”, avaliou.

Depois de Cunha ter sido acusado de promover manobras para apressar a votação e beneficiar os favoráveis ao impeachment, Vanessa ressaltou a importância de que os procedimentos sejam respeitados, na análise de uma matéria tão delicada. “Estamos debatendo o futuro de nossa democracia e, neste momento, não pode haver decisões irresponsáveis ou ilegais como as tomadas pelos deputados aliados de Cunha”, condenou.

José Melo de Oliveira (Pros), governador do Amazonas – estado da senadora –, deu declarações em que se colocou contrário ao impeachment. Questionada se o posicionamento dos governadores pode influenciar os senadores na votação do impeachment, Vanessa respondeu: “Esta é uma pergunta que só o tempo e o debate no Senado pode responder”.