Senador Capiberibe: Açodamento pelos que estão “ávidos pelo poder”

O grupo de senadores que, nesta segunda-feira (25), elegeu os membros da comissão especial do impeachment no Senado, analisa os recursos possíveis para que suspenda o processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff até que a Câmara aprecie o pedido de autorização para processar o vice-presidente Michel Temer.

Senador Capiberibe

O pedido, assinado pelos senadores João Capiberibe (PSB-AP), Cristovam Buarque (PDT-DF), Lídice da Matta (PSB-BA), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Paulo Paim (PT-RS), Walter Pinheiro (sem partido-BA) e Roberto Requião (PMDB-PR), foi negado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), durante a sessão. “A questão de ordem não pode prosperar”, disse.

Em entrevista ao Portal Vermelho, o senador João Capiberibe (PSB-AP) afirmou: “Pretendemos reformular a questão de ordem, vai depender do encaminhamento. O compromisso desse grupo ampliado de senadores, que inclui os que são favoráveis ao afastamento da presidenta e outros que não, o que nos une é o diagnóstico de que o impeachment não resolve a crise, ao contrário, aprofunda”, defendeu o senador, ressaltando que há um açodamento por parte dos que estão “ávidos pelo poder”.

“O tratamento que está sendo dado caracteriza dois pesos e duas medidas. Os dois são acusados pelo mesmo delito, portanto a tramitação teria que ser conjunta porque se trata de crime conexo. É o que determina a Constituição e também o Código de Processo Penal e Civil”, justificou o senador. “Não vejo muita diferença do que houve na Câmara. Espero que modifique o processo, mas o que está se vendo é uma pressa excessiva (…) uma certa intolerância dos partidos que são ávidos por assumir o poder”, completou.

Segundo ele, “se houvesse, de fato, uma questão de equidade entre os dois casos, teriam que tramitar conjuntamente. Isso a Câmara não fez, ao contrário, utilizou os mecanismos burocráticos para acelerar o processo da presidenta Dilma e paralisar o processo contra o vice-presidente Michel Temer”.

Para o senador, os parlamentares “deveriam se preocupar em solucionar os problemas da sociedade e não empurrá-la para o conflito”.

Ao apresentar o pedido de questão de ordem, o senador João Capiberibe destacou que os fatos para pedir o afastamento da presidenta Dilma são os mesmos que implicam Temer, “não tendo justificativa para julgar o da presidenta e procrastinar o do vice”.

“A Câmara vem negando-se a processar o vice por denúncia em crime conexo. O que naturalmente seria uma junção de processos para julgamento virou um ‘ela vai e ele não’, virou uma escolha de réus”, diz o documento, que enfatiza também que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é inimigo declarado da presidenta e, diante das acusações que o envolvem na Operação Lava Jato, resolveu admitir o pedido contra Dilma.

O grupo de senadores sustenta ainda que é preciso sanar o “defeito” para não viciar de forma “absoluta e grosseira” o julgamento de Dilma, pois uma ação dessas justificará o rótulo de golpe parlamentar.

“Não há como negar, o julgamento da presidenta está sendo isolado e maquiavelicamente orquestrado sem igualdade de tratamento em relação ao vice-presidente”, completa o grupo, no pedido de 16 páginas. “São imprescindíveis o julgamento de ambos (Dilma e Temer) e dar uma decisão definitiva e com legitimidade para promover as mudanças que o país precisa”, destacou o senador baiano Walter Pinheiro.