Renan diz que atuará para evitar equívocos do passado no Senado

Em encontro com movimentos sociais, nesta terça (26), o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) disse que trabalhará para evitar "equívocos" e garantir "o máximo de previsibilidade democrática" no decorrer do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.  "O Senado já cometeu equívocos ao longo da história", disse, citando como exemplo o fato de a Casa ter declarado vaga, em 1964, a Presidência, apesar de o presidente João Goulart estar no País – o que culminou no golpe militar.

Renan Calheiros presidirá o Senado pelos próximos dois anos

"Toda vez que o Senado se apressou a tomar decisões, de uma forma ou de outra, nós tivemos que fazer uma revisão da própria história", disse, de acordo com o UOL

O senador mencionou ainda o caso do senador Luiz Carlos Prestes, que teve o mandato cassado nos anos 1940, depois que o TSE cancelou o registro do PCB. Em 2013, o Senado fez uma autocrítica, admitiu o erro e devolveu simbolicamente o mandato de Prestes, que havia falecido em 1990.

Calheiros declarou aos representares dos movimentos sociais que se empenhará para permitir a presença deles nas votações que ocorrem no Senado, diferentemente do que aconteceu na Câmara, quando as sessões foram fechadas para os militantes. 

"É evidente que eu não posso substituir o conjunto do Senado (…) e essa circunstância precisa também ser administrada" disse o peemedebista, defendendo que não se pode "partidarizar" as discussões sobre o impeachment. 

O senador afirmou que tem mantido desde sempre uma relação de colaboração com Dilma e que não seria diferente em um eventual governo temporário de Temer, caso o Senado decida prosseguir com o afastamento de Dilma. "Nós não podemos atropelar conquistas do governo nos últimos anos", defendeu.

Encontro com Lula

O presidente do Senado também se reuniu nessa terça com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No encontro, Lula teria extrenado preocupação com o desdobramento do processo político em curso no país.  "Ele disse que acredita muito no Brasil, que o Brasil é maior do que as suas crises, e que ele quer colaborar com saídas", relatou Renan.

Em resposta, Renan reiterou sua posição sobre o papel histórico do Senado e o seu esforço pessoal para ampliar a previsibilidade política e constitucional para que a Casa julgue o processo de impedimento. "Ao fim e ao cabo [disse] que seria uma decisão política, claro, mas que seria uma decisão de mérito com relação a saber se a presidente cometeu ou não crime de responsabilidade", disse, segundo o Brasil 247.

Renan se encontraria ainda nesta terça com a presidenta Dilma Rousseff. Na quarta, deverá ir ao Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência da República, e, à tarde, receberá o senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, em seu gabinete.

"Eu vou continuar conversando com todos. Conversar não arranca pedaço. Acho que o papel do presidente do Senado é exatamente esse. É conversar com todo mundo para, em todos os momentos, demonstrar isenção e responsabilidade com o país. Conversar e trabalhar para construir convergências com todos os atores dessa crise política", disse.