“Pela paz de Jerusalém” e outras pérolas em defesa do golpe

A votação do Congresso Federal sobre o impeachment da presidenta Dilma Rousseff está longe de terminar, mas os nobres parlamentares já viraram piada na internet, isso porque os “argumentos” são os mais esdrúxulos possíveis. A maioria dos golpistas começou a fala com “pela minha família”, ou “em homenagem aos meus filhos”. “Parece que o motivo do impeachment é que a Dilma não gosta da família dos deputados”, ironizou uma internauta.

Pérolas do impeachment - Reprodução

Argumentos como “Pela paz de Jerusalém”, ou “pela morena mais bonita do Brasil” tiveram espaço na votação golpista. Outro deputado citou “Olavo de Carvalho na década de 90”, teve ainda quem fosse contra os “petroleiros, digo, o Petrolão”. “Pelos maçons do Brasil”, “por todos os corretores de seguro”, também pela “Manoela que vai nascer”, ou “pela minha mãe que está em casa com seus 93 anos”. Há ainda os que pedem “o fim do PT” “Partido das Trevas”, e o “fim da Cut e seus marginais”.

Em certos momentos é fácil confundir a sessão com um culto evangélico porque são incontáveis as citações religiosas a “Deus” ou à “família Quadrangular”, por exemplo. Em defesa do impeachment “pelos fundamentos do cristianismo”, ou “pela renovação carismática” e “contra a proposta de que criança troque de sexo na escola”. Enfim, “pela nação evangélica”.

Em sua conta oficial no Twitter, a deputada gaúcha Manuela D’Ávila (PCdoB) ironizou o “apego à família” dos parlamentares. “Pelo visto, realmente muita coisa mudou desde que saí de Brasília. A maior delas é a devoção dos deputados por suas famílias”, disse. Isso porque, teve quem defendesse o impeachment “pela Daiane o Mateus e a Adriane”, “pelo meu marido Gabriel”, “pelo Bruno e pelo Felipe” e “pelo meu neto Pedro”. Mas nem só de reacionários se constrói um golpe, afinal, houve quem defendeu “pelos progressistas da minha família, Maria Vitória”.

Seria cômico, não fosse trágico, afinal, trata-se de um golpe contra a democracia brasileira e há deputados exigindo revisão do “estatuto do desarmamento” e comemorando a ação da “querida Polícia Militar de São Paulo”, contra o “comunismo que assombra o país”.

Para defender o golpe não faltou criatividade, muito menos receio de se expor ao ridículo, teve até versinho: “pelos produtores rurais, porque se o produtor não planta, não tem almoço nem janta”. De fato, os parlamentares golpistas deixaram claro que a democracia, a soberania e o desenvolvimento nacional são pautas longínquas, o importante mesmo é cada um defender suas famílias, seus amigos e seus interesses.