Sousa Júnior: Das Diretas Já ao Golpe, o suicídio do PMDB

Por *Sousa Júnior

Michel Temer e Eduardo Cunha

Que o PMDB transformou-se em um partido fisiológico há bastante tempo isso não é novidade. Porém, renegar seu passado de lutas pela democracia, contra a Ditadura Militar, pelas Diretas Já e pela Constituição Cidadã de 1988, assumindo a condução de um golpe contra uma presidenta eleita contra a qual não existe nenhum crime que justifique a perda de seu mandato, é uma atitude que será julgada pela história e enterrará o que resta de democrático desse que ainda é o maior partido do Brasil.

O golpe contra o Estado Democrático de Direito, capitaneado por Michel Temer, não passará. O impeachment pode até ser aprovado no próximo domingo, 17 de abril, mas será derrotado nas ruas e pela consciência jurídica e democrática que vem se manifestando com mais vigor ainda do que na luta contra a ditadura. Se o povo brasileiro soube enfrentar a força dos fuzis, saberá derrotar ainda mais rapidamente a farsa dos golpistas, entre eles os ainda travestidos de democratas, seja agora, seja em 2018.

Se 300 e poucos picaretas golpistas não são capazes de respeitar os votos de mais de 54 milhões de brasileiros e brasileiras não serão eles que terão o respeito da sociedade, nem aqui no Brasil nem no Mundo, que não dará trégua a um governo entreguista, sem voto e golpista. Mesmo entre aqueles que têm ido às ruas pedir o impeachment, iludidos que assim terão um governo melhor, se revoltarão quando perceberem que o combate à corrupção deixará de existir e os tempos de FHC voltarão com uma versão ainda mais piorada.

2016 é muito diferente de 1964. Antes havia o temor do “comunismo”, pretexto maior para o golpe. Os interesses econômicos do grande capital, internos e externos, eram os mesmos de hoje. Mas Igreja e amplos setores da sociedade se uniram antes contra a democracia a serviço desses interesses. Hoje, não. Há um movimento cívico vigoroso, aliado às camadas populares, sindicalistas e movimentos sociais unidos em torno de uma só bandeira: a democracia. Mais importante ainda do que isso: como Chico cantou (ele não fala, canta), DE NOVO, NÃO, pois ninguém quer retornar ao passado, seja o dos militares no poder, seja o de FHC. E é por isso que esse passado será enterrado, junto com o outrora partido do movimento democrático brasileiro.

*Sousa Júnior é publicitário, apresentador do programa Democracia no Ar (Fortaleza FM 106,1) e diretor da web rádio Atitude Popular.
 

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