Ato em São Paulo rejeita golpe e diz que Temer não tem legitimidade 

Leticia Sabatella, Guilherme Boulos, o jornalista esportivo Juca Kfouri e o blogueiro militante contra o trabalho escravo Leonardo Sakamoto realizaram na noite desta quarta-feira (13), no Largo da Batata, em São Paulo, um debate público em defesa da democracia e contra o golpe para milhares de pessoas. Nas intervenções de Boulos e Juca Kfouri ficou clara a rejeição ao vice-presidente Michel Temer (PMDB). “Temer, que não recebeu um voto, não vai conseguir governar esse país”, afirmou Boulos. 

Largo da Batata Povo sem Medo contra o golpe. dia 13 de abril - Alice Vergueiro
O vice-presidente Michel Temer tem se configurado ao lado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), um dos fomentadores do golpe contra o mandato legítimo da presidenta Dilma Rousseff. O vice é o porta-voz do programa Ponte para o Futuro, apresentado pelo PMDB para superar a crise brasileira, e considerado um atentado aos direitos dos trabalhadores.
Apelidado de Plano Temer, o documento Ponte para o Futuro prega o fim das leis de proteção social aos trabalhadores brasileiros assim como tem sido considerado por sindicalistas, juristas, políticos e nos meios intelectuais e artísticos como um tiro de misericórdia nas conquistas sociais, incluindo programas nas áreas de educação, saúde e moradia.
Partido de ratazanas
"O golpe é comandado por um cidadão que lidera uma política rasteira, de um partido de ratazanas desde sempre. Temer, que não recebeu um voto, não vai conseguir governar esse país. O pacote do golpe é um atentado a nossa limitada democracia. A elite quer fazer a política de terra arrasada, acabar com as conquistas sociais, os direitos dos trabalhadores”, discursou Guilherme Boulos, coordenador do Movimentos dos Trabalhadores Sem Teto e integrante da Frente Povo Sem Medo, organizadora do ato.
“Essa turma que está no timão do golpe não aceita até hoje a abolição da escravatura. Se esse golpe for barrado será pela força das ruas. É preciso uma nova saída. Aprofundar e radicalizar a democracia de verdade. Jogar a conta para o andar de cima, cobrar a dívida histórica que a elite construiu”, defendeu Boulos.
Juca Kfouri também lembrou a falta de legimidade do vice Temer e disse que o mais importante neste momento é a defesa da democracia. “Ninguém está aqui cegamente a favor do governo. Uma coisa muito maior é manter o Estado de Direito, a democracia. Se o golpe se consumar não há de se permitir que Michel Temer governe. Que renuncie e chame eleições diretas”, ponderou o jornalista.
Criminalização das ideias
Leonardo Sakamoto lembrou os casos de intolerância contra a cor vermelha, por exemplo. “Quando a cor da camisa vira garantia de vida algo está errado no país. Não podemos deixar que exista a criminalização das ideias e das pessoas. Ter opinião neste país é crime”. 
Sakamoto tem sido alvo de ofensas e ameaças, em público e na internet, por conta de uma campanha iniciada contra ele nas redes, utilizando a disseminação de declaração forjadas atribuídas ao jornalistas que foram negadas por ele.
“A Mídia está criando uma dramaturgia escravocrata, teleguiando a violência, o rebate agressivo. Ao mesmo tempo correntes de pensamento de tradições de resistência, de luta fazem o exercício democrático”, lembrou a atriz Letícia Sabatella, que esteve presente no ato.
Ela defendeu ações de denúncia e resistência dessa criminalização das ideias. “E existe quem quer impedir a legítima vontade do cidadão. Temos que lutar contra isso, criar uma vigília para manter a Democracia”, ressaltou.
A cantora e compositora Anelis Assumpção falou sobre a arte no contexto do fortalecimento da democracia. “A arte é libertária, o artista dentro de sua verdade, cumpre o seu papel de cidadão que participa dos destinos do País”, disse.
 
Por Railídia Carvalho