MST desmente PM e reafirma que sem terra foram emboscados

Dois sem terra mortos e sete feridos, todos atingidos pelas costas. Não há registro de policial militar com ferimentos. O cenário reforça as declarações dos trabalhadores rurais do acampamento Dom Tomás Balduíno, em Quedas do Iguaçu, no Paraná, que nesta quinta-feira (7) foram emboscados por policiais militares e seguranças da empresa Araupel. A afirmação está em nota desta sexta-feira (8). da direção estadual do Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). 

Por Railídia Carvalho


Carro do MST no Paraná atingido por balas
A nota detalha a emboscada: “ocorreu enquanto aproximadamente 25 trabalhadores sem terra circulavam de caminhonete e motocicleta, a 6 km do acampamento, dentro do perímetro da área decretada pública pela justiça, quando foram surpreendidos pelos policiais e seguranças entrincheirados”.
No relato das vítimas, os policiais “alvejaram o veículo onde se encontravam os sem terra”. A única opção dos acampados foi tentar se esconder na mata para fugir dos disparos. A nota do MST diz ainda que a PM admite que os corpos foram recolhidos de dentro da mata. “Todas as vítimas foram baleadas pelas costas, o que deixa claro que estavam fugindo e não em confronto com a PM e seguranças.”
Promessa de mais repressão
Em entrevista a um canal local, o comandante regional da Polícia Militar, Washington Lee, declarou que os policiais foram recebidos “a tiros” e que a PM “não vai tolerar nenhum tipo de infração às leis ou represálias”. A única pergunta que fica sem a resposta do comandante é sobre policiais feridos. Até o momento não foi registrado nenhum caso, mesmo Lee afirmando estarem os acampados armados e serem somente 8 policiais contra “uns 40 sem terra”.
“A Polícia Militar criou um clima de terror na cidade de Quedas do Iguaçu, tomou as ruas, cercou a delegacia e os hospitais de Quedas do Iguaçu e Cascavel para onde foram levados os feridos, e impediu qualquer contato das vítimas com os familiares, advogados e imprensa”, explicou a nota do MST.
Conivência com o PSDB
Assim como foi denunciado na nota do MST regional, a direção estadual também estabelece relação entre os secretários estaduais do governo Beto Richa (PSDB), Valdir Rossoni e Wagner Mesquita, respectivamente da Casa Civil e Segurança Pública, e a empresa Araupel, que, segundo o MST, obteve as terras através da grilagem.
“O ataque da PM aos sem terra aconteceu após o Deputado Rossoni assumir a chefia da Casa Civil do governo do Paraná e, que, coincidentemente, esteve em visita ao município de Quedas do Iguaçu, no dia 1º de abril de 2016, acompanhado do secretário de Segurança Pública do Paraná, Wagner Mesquita, além de representantes das cúpulas da polícia do Paraná, que determinaram o envio de um contingente de mais de 60 PMs para Quedas do Iguaçu”.
Na manhã desta sexta-feira, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, mandou ofício ao governador Beto Richa exigindo providências e lembrando que o Brasil já foi condenado na Corte Interamericana de Direitos Humanos por assassinato de sem terra no Paraná.
 
Amanhã, sábado, haverá um ato em Quedas do Iguaçu com a presença de sem terra do Paraná e de todo o país, de advogados e representantes de movimentos dos direitos humanos. O clima é de enorme tensão no Paraná.
Confira abaixo as reivindicações da direção estadual do MST
O MST exige justiça e:
 
 
– Imediata investigação, prisão dos polícias e seguranças, e punição de todos os responsáveis – executores e mandantes – pelo crime cometido contra os trabalhadores rurais sem terra.
 
 
– O afastamento imediato da Polícia Militar e a retirada da segurança privada contratada pela Araupel.
 
 
– Garantia de segurança e proteção das vidas de todos os trabalhadores acampados do Movimento na região.
 
 
– Que todas as áreas griladas pela empresa Araupel sejam destinadas para Reforma Agrária, assentando as famílias acampadas.
 
 
Lutar, Construir Reforma Agrária Popular!
 
Direção Estadual do MST Paraná