MST denuncia conluio na morte de trabalhadores no Paraná

A direção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra da região central do Paraná emitiu nota na noite desta quinta-feira (7) denunciando o conluio entre pistoleiros e policiais militares para atacar um grupo de trabalhadores acampados em uma estrada, provocando a morte de pelo menos dois trabalhadores e vários feridos.

mst pm parana

A nota do MST, além de denunciar o conluio entre os pistoleiros da empresa Araupel, que grilou a área ocupada pelos trabalhadores, e a Polícia Militar, afirma que o secretário da Casa Civil do governo do Paraná, deputado federal Valdir Rossoni, comprometeu-se com a empresa que reprimiria os sem terras até tirá-los da área grilada e que o mesmo teria insuflado os policiais, que se sentiram livres até para matar os ocupantes. Segundo o MST, Rossoni teria agido em função do apoio financeiro que a empresa deu para sua eleição.

O MST cobra punição aos mandantes e aos assassinos, reivindica a realização da reforma agrária na região e que se efetive a decisão judicial que deu nulidade aos títulos de propriedade da empresa. Por fim, a nota nega que os trabalhadores tenham emboscado a PM, tendo ocorrido justamente o contrário.

Leia a íntegra da nota:

Nota da direção regional – MST

Conflito em Quedas do Iguaçu-PR

1. Mais uma vez explode o conflito em torno da Reforma Agrária no município de Quedas do Iguaçu, no momento em que conluiados os pistoleiros da Araupel e a PM do Paraná atacaram frontalmente um grupo de sem terras, sem ao menos conversar, numa estrada da área grilada pela Araupel, com decisão judicial de nulidade dos títulos de propriedade;

2. Uma semana antes o atual secretário da Casa Civil e deputado federal, Valdir Rossoni, passou por Quedas do Iguaçu e comprometeu-se com a Araupel que reprimiria os sem terras até tirá-los da área grilada. Já há algumas semanas a PM faz bloqueios ostensivos, faz ameaças de todo o tipo aos trabalhadores assentados e acampados, humilhando e provocando nas abordagens realizadas nas estradas da região;

3. Os “recados” de ameaças de prisão e de morte contra os dirigentes e militantes chegaram incisivamente. Rossoni insuflou a PM que sentiu-se livre, inclusive para matar;

4. Rossoni quer ser senador nas próximas eleições e já teria feito acerto de apoio econômico com a Araupel, que já lhe apoiou com doação de dinheiro na campanha para deputado, e em troca do novo apoio reprimiria e despejaria os sem terras;

5. A única forma possível de resolver o conflito é punir os mandantes dos assassinatos e os assassinos, e o governo federal fazer a reforma agrária nesse latifúndio assassino, grileiro, e que a justiça já deu nulidade dos falsos títulos;

6. A Secretaria de Segurança Pública emitiu nota totalmente mentirosa, afirmando que os sem terras armaram emboscada para a polícia. Tal afirmação se desmente pelo resultado do massacre, onde dois trabalhadores sem terras foram assassinados e vários feridos, o que comprova a versão inversa dos fatos, a de que os sem terras é foram vítimas de emboscada.

Maldito o soldado que vira o fuzil contra o seu povo! (Bolívar)

Justiça e reforma agrária já! 

Direção Regional do MST – Região Centro do Paraná 

Laranjeiras do Sul, 7 de abril de 2016