“Sou uma pessoa que luta e tenho o otimismo da luta”, afirma Dilma

Acompanhada pelo ministro da Defesa, Aldo Rabelo, a presidenta Dilma Rousseff conheceu a aeronave militar KC-390, fabricada pela empresa brasileira Embraer em parceria com a Argentina, Portugal e República Tcheca, nesta terça-feira (5), em cerimônia na Base Aérea de Brasília. É a maior e mais moderna aeronave projetada e fabricada no Brasil. Em entrevista coletiva, Dilma voltou a denunciar as manobras golpistas e repeliu as especulações da imprensa sobre o seu ministério.

Por Dayane Santos

Dilma

“Sou uma pessoa que luta. Sempre lutei na vida. Tenho o otimismo da luta”, afirmou a presidenta ao comentar a conjuntura política atual. Ela ressaltou que “não tem estabilidade sem democracia”.

“É impossível. Nenhum governo conseguirá governabilidade se não tiver um pacto pelo diálogo e a estabilidade, se não respeitar as regras do jogo democrático”, disse ela, lembrando que, desde a sua vitória em 2014, a oposição adotou a política do “quanto pior melhor” que ela classifica como uma conduta “extremamente grave”.

Dilma lembrou de ações como o pedido de recontagem de votos no Tribunal Superior Eleitoral e das pautas bombas no Congresso Nacional.

“A oposição, desde o dia que assumi, criou todo tipo de instabilidade, uma quantidade enorme de pautas bombas (…) Uma delas é de R$ 300 bilhões ao transformar os juros da dívida dos estados em juros simples (…) Todos aqueles que apostam no quanto pior, criam uma situação difícil para o país”, asseverou.

“É público e notório que tem o pessoal que torce para o quanto pior melhor. Quanto pior, pior para todos nós, população brasileira, e melhor para aqueles que querem encurtar o caminho pro poder”, salientou Dilma.

“Quando você tem responsabilidade diante do país, você não cria tumulto desnecessário, sem base, não faz isso”, completou Dilma, acrescentando que sem estabilidade política “não se tem crescimento econômico, recuperação da economia, não se tem a volta do crescimento com geração de emprego e os novos caminhos de oportunidade que têm de se abrir”.

Ministério

Sobre como fica o seu ministério, depois da saída do PMDB, Dilma foi enfática: “O Planalto não está pretendendo qualquer estruturação ministerial antes de qualquer processo de votação na Câmara (…) Não iremos mexer em nada”, pontuou.

Para a presidenta, o comportamento da mídia insufla a “instabilidade política sistemática”, que, segundo ela, “é prejudicial ao país”.

“Vocês [imprensa] têm de ter cuidado porque as especulações que fazem são sem base na verdade. Esse é um jornalismo especulativo que cria um clima de instabilidade transformando factoides em realidade. A gente tem que se pautar por um grande realismo. O realismo significa notícias verídicas.”

A presidenta também comentou a defesa apresentada pelo ministro José Eduardo Cardozo, advogado-geral da União, na comissão de impeachment, que apontou que o pedido foi aceito como vingança do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

“Vocês noticiaram. Sugiro que vocês peguem todas as notícias da imprensa e façam um cotejo com o que vocês disseram e o que aconteceu. Tem de ter essa responsabilidade jornalística. Não fomos nós que noticiamos o que foi noticiado na antevéspera da aceitação do pedido de impeachment. Em todas as notícias está escrito que era uma retaliação pelo fato de não termos dado os votos para o Conselho de Ética. Sugiro que vocês assumam o que vocês disseram”, rebateu.

Dilma voltou a criticar o processo de impeachment, classificando como “lamentável” o argumento das “pedaladas fiscais”.

“A tentativa de transformar isso em impeachment é golpe. É golpe, porque não tem base legal”, reafirmou.

Aeronave

A presidenta também falou da importância do Brasil produzir uma aeronave do porte da KC-390. “É importante como realização de uma obra tecnológica e de engenharia, mas será importante para a Força Aérea brasileira. É um produto robusto, que tem grande capacidade estratégica. É um feito da engenharia nacional, da Embraer que estruturou esse produto. Um orgulho para o país”, disse Dilma.

Segundo o Ministério da Defesa, com 35,2 metros de comprimento e capacidade para transportar até 26 toneladas de carga, o KC-390 é o maior avião já desenvolvido no Brasil. Mais de 50 empresas brasileiras participam do projeto.

O comandante Jordão, piloto de ensaios da Embraer, disse que o KC-390 é um marco para a indústria brasileira. “É uma aeronave estratégica e polivalente. Vai aumentar muito a eficiência e a pronta resposta da Força Aérea. Ela é fácil de pilotar por usar sistema fly by wire. Seus equipamentos modernos vão reduzir o custo de manutenção”, afirmou.

Segundo o comandante, o KC-390 vai causar grande impacto nas operações da Força Aérea Brasileira (FAB) e já existem muitos países interessados, inclusive parceiros, visualizando a substituição de outras aeronaves por esta.

“Um país que não tem uma aeronave dessa categoria não tem capacidade de reação. No aspecto de defesa e segurança ela é uma arma vital. Não adianta só ter caças se não tiver uma aviação de transporte que dê o suporte para se manter em voo.”

A aeronave é resultado de um projeto conjunto da Embraer com a FAB para desenvolver e produzir um avião de transporte militar tático e reabastecimento em voo que representa um avanço significativo em termos de tecnologia e inovação para a indústria aeronáutica brasileira.

De acordo com a Defesa, o KC-390 atinge uma velocidade de 870 km/h e pode operar em pistas não pavimentadas. A aeronave fez o primeiro voo em janeiro do ano passado e está na fase de testes e a entrega para uso deverá ocorrer no primeiro semestre de 2018.