Mulheres latino-americanas: vozes na luta por igualdade

Na América Latina, vemos como persistem os altíssimos níveis de desigualdade de gênero, de violência e feminicídio, processos de discriminação e exclusão que mantém mulheres de todas as idades como vítimas de um sistema que não é feito para elas. A disparidade salarial é parte estrutural dos mercados de trabalho, que, como tudo em nossas sociedades, foram edificados sobre a base do patriarcado e do machismo institucional.

Por Pablo Gentili

Berta Cárceres - GoldmanPrize

Há quase 30 anos enfrentamos as políticas orientadas à igualdade, aplicadas por diferentes governos, e mesmo assim a participação e representação das mulheres no sistema político continua sendo baixíssima. Em alguns países, inclusive, tem diminuído de forma progressiva. Tampouco se vê melhoras significativas na representação das mulheres na direção das grandes empresas ou das principais universidades, menos ainda nos serviços diplomáticos de alguns países latino-americanos ou caribenhos.

Neste 8 de março, muito mais que festejar, os governos, movimentos e instituições da América Latina deveriam fazer um enorme esforço e refletir sobre as razões que nos tornaram a região mais desigual e mais violenta do planeta. Desigualdade e violência essas que atacam principalmente as mulheres, os jovens e as jovens, além das crianças. Desigualdade e violência essa que nos interpelam e nos obrigam a não ser indiferentes.

Entretanto, e apesar do enorme déficit que o continente exibe em matéria de justiça social, a América Latina é uma das regiões do mundo onde as mulheres mais vem contribuindo com o desenvolvimento da investigação social. Como o mundo acadêmico também é machista e patriarcal, muitas vezes essa importantíssima contribuição passa despercebida, é desprezada com sintomática indiferença ou reduzida ao reconhecimento do trabalho das cientistas sociais latino-americanas e caribenhas somente aos estudos de temas de gênero.

Compartilho aqui com vocês uma série de vídeos produzidos pela Clacso TV, com entrevistas de com mulheres que atuam no campo acadêmico da nossa região, algumas delas também cumprem funções públicas ou representativas. Incluo aqui também dois testemunhos. Um deles sobre o brutal assassinato da dirigente indígena hondurenha Berta Cáceres. O outro é sobre o impressionante movimento de luta contra o feminicídio iniciado na Argentina, sob a consigna #NiUnaMenos.

O dia 8 de março é um dia a mais para reforçar essa tarefa de fazer da América Latina uma região mais democrática, igualitária e justa. Os outros dias também serão.