“Não podemos voltar à Idade Média”, afirma ministro do STF

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), voltou a afirmar, em entrevista à rádio CBN neste sábado, que nada justifica o ato de força que foi a operação desencadeada na sexta por agentes da Polícia Federal, do Ministério Público e pelo juiz Sérgio Moro contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mello expressou preocupação não apenas com a “terrível” repercussão para a imagem do Brasil no mundo como também com o próprio Estado de direito.

Ministro Marco Aurélio de Melo STF

“Se ocorre com um ex-presidente da República algo tão extremado, imagina o que pode ocorrer com um cidadão comum”, alertou o ministro. Em alguns momentos da entrevista de sete minutos, a apresentadora Fabíola Cidral chegou a ser insistente para extrair do ministro alguma parcimônia em relação às justificativas apresentadas pelo coordenadores da operação, de que a condução arbitrária de Lula se fazia necessária para a segurança do processo e do próprio depoente. “Para a Justiça ninguém deve ser intocável, mas não podemos voltar à Idade Média”, rebateu Marco Aurélio Mello. “E essa história de que servia para garantir a proteção dele eu apenas anuncio: eu não gostaria de ter esse tipo de proteção”, ironizou.

A âncora tentou extrair do ministro um desfecho elogioso ao “combate à corrupção” e à Operação Lava Jato. Mello foi elegante e estendeu “aplausos” ao “colega” Sérgio Moro, à Polícia Federal e o Ministério Público. Disse que há fatos muitos muito graves que merecem apuração e que aquele que tenham cometido desvios de conduta que paguem. “Mas observando-se acima de tudo – porque isso diz respeito à civilização, a ares democráticos – o devido processo legal. Fora do figurino legal não há salvação”, ponderou. “Teremos dias melhores nesta sofrida República.”