Sindicalistas querem apoio federal contra fechamento de fábrica no Sul

A fabricante de termostatos Robertshaw em Caxias do Sul (RS) anunciou no final de janeiro o fechamento da fábrica, o que geraria a demissão de cerca de 400 funcionários, em sua maioria mulheres. O presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, sugeriu nesta quarta (3), em Brasília, que o governo federal deve intermediar uma discussão para tentar reverter o quadro. 

Reunião com ministro Armando Monteiro e CTB; fechamento robert shaw - Portal CTB

A declaração do sindicalista foi feita nesta quarta (3) durante reunião com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro; o deputado federal Pepe Vargas (PT-RS) e o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul, Assis Melo.

Adilson lembrou ao ministro a promessa feita pelo governo, de retomar o crescimento com geração de emprego. “A prioridade da nossa central é evitar o desemprego. Vivemos um momento difícil na economia, mas entendemos que o diálogo aponta caminhos e vamos encontrá-los. A luta desses trabalhadores é também da CTB”, afirmou.

Para o dirigente da CTB existe a necessidade de o governo intervir, promovendo uma discussão ampla e transparente entre a empresa e todos os setores envolvidos. Ele afirmou que a motivação maior deve ser a reversão do quadro. Caso isso não aconteça, o foco será garantir uma negociação justa, sem maiores danos aos trabalhadores.

A companhia americana decidiu fechar as portas, após 50 anos na cidade, e transferir todo o processo de produção para a sua unidade em Manaus (AM). Segundo Assis Melo, a Robertshaw mudou-se para a Zona Franca porque teve incentivos fiscais do governo. Ele descreveu ao ministro a atitude inconsequente da empresa ao decidir deixar o município sem comunicado ou diálogo prévio com o poder público estadual, local e com os trabalhadores, causando alto índice de desemprego na região.

O sindicalista ainda cobrou do Governo Federal uma explicação de como se deu o processo de transferência da fábrica para o Amazonas e pediu uma análise criteriosa da proposta de concessão.

“Viemos aqui no MDIC pedir esclarecimentos sobre todas as vantagens que a Robertshaw adquiriu indo para Manaus. Concordamos que o País conceda benefícios e incentive a produção, mas isso deve ser feito com a garantia de mais emprego, não o contrário. Faremos todo o possível para preservar os empregos e o desenvolvimento da região”, declarou Assis.

Armando Monteiro afirmou que o ministério fará uma reanálise de toda a proposta de concessão apresentada pela fábrica para o fechamento e transferência, além da revisão dos procedimentos internos. “Fizeram o processo de forma traumática. Para uma empresa mundial, os processos não podem ser encaminhados assim. Devem ser precedidos de um diálogo. Vamos trabalhar nessa direção, de modo que a gente possa ver se há espaço para uma solução mais equilibrada”, afirmou Monteiro.

A equipe ministerial foi incumbida de contatar a Robertshaw e agendar uma reunião entre a companhia, governo e os representantes da classe trabalhadora para primeira semana após o Carnaval.