Nilo: Os coxinhas não admitem que um operário possa comprar um tríplex

Nilo Batista afirmou também em entrevista à Folha que Lula é vítima de "achincalhamento" e "maledicência". Segundo ele, mesmo Lula nunca negando ter adquirido cotas para uma possível futura compra de apartamento no Guarujá (SP), mas por conta da reforma o imóvel encareceu demais e a família desistiu do negócio, a imprensa tenta transformar isso num crime.

"É crime querer comprar um apartamento?", questionou o advogado, indagando também se existem problema de se fazer uma obra no sítio frequentado pelo ex-presidente.

O advogado afirma ainda que o "combustível nesse processo de achincalhamento é os coxinhas não admitirem que um operário possa comprar um tríplex". "Que nem é um trípleeeex", ressaltando que o apartamento não é tão grande como pinta a mídia.

"Tem gente que concorreu à Presidência e tem apartamento de frente para o mar no Leblon e não falam nada", disse Nilo sem citar nomes, mas numa clara referência ao candidato derrotado nas urnas, o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Na entrevista à Rede Brasil Atual, Nilo também disse ter ficado “espantado” com a declaração de “um promotor”, segundo o qual “não existem cotas” no caso do chamado Condomínio Solaris, no Guarujá, litoral paulista.

Na quinta-feira (28), o promotor José Carlos Blat disse, no Jornal Nacional, da TV Globo, que “a Bancoop não é um consórcio” e que o empreendimento oferecia unidades habitacionais. "Todos, sem exceção, compraram apartamentos ou casas e, ao longo do tempo, pagaram as prestações devidas à Bancoop, que colocou um sobrepreço indevido, ilegal. Então, todas as pessoas que compraram da Bancoop compraram coisas concretas, ou seja, unidades habitacionais, apartamentos e casas. Não existem cotas da Bancoop", afirmou o promotor.

No entanto, de acordo com Nilo Batista, a Lei 5.764/1971 define a política nacional de cooperativismo. “Fiquei espantado de ouvir o promotor dizer que não tem cota. Toda cooperativa tem cota, está na lei”, diz o advogado.

Nilo disse ainda que Lula fez um governo que atendeu aos interesses dos trabalhadores, mas também do empresariado, da burguesia nacional. "Em razão precisamente desta abrangência da ação administrativa dele, ele tem amigos no setor de agrobusiness, nos setores interessados na reforma agrária, no setor do capital financeiro, na construção civil, na indústria automotiva, que é o lugar de origem dele", lembrou.

O advogado destacou que "não há nada de estranho em que ele conheça e tenha relações boas com lideranças empresariais, como tem com lideranças sindicais". E acrescentou: "Se o Lula for comprar um sabonete na drogaria, e o presidente da drogaria souber, ele vai lá, querer ele mesmo entregar", disse.

Sobre a espetacularização da grande mídia em torno dessa questão, Nilo afirmou que "no fundo, estão tentando de todas as maneiras, até irracionalmente. Continuar insistindo que ele tem ou teve um apartamento".

Segundo ele, a imprensa tenta fazer a mesma manobra de manipulação quando se trata da barco. "Tem uns colunistas onde só vai aparecer como iate. O grande achado da matéria é que ela tinha remetido o barquinho para Atibaia. Será que ela devia levar o barquinho para São Bernardo, botar na sala, e quando eles fossem para o sítio eles atrelavam o barquinho, levavam e diziam: “Não, nesse aqui ninguém rema”? Depois levavam de volta a São Bernardo? Será que era essa a ideia?", questionou.