A Comissão Política Estadual do PCdoB de São Paulo de 2016

Orlando Silva, presidente do Partido e deputado federal, expos o quadro atual da conjuntura e Rovilson Brito, vice-presidente apresentou uma resolução eleitoral que norteará o projeto partidário, nos próximos meses, mais precisamente o final do mês de abril.

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Segundo Orlando, o inicio de 2016 difere do conturbado 2015, em que a oposição, pós derrota eleitoral de Aécio, saiu fortalecida e imprimiu um ritmo de desgaste político ao segundo governo Dilma. O ano que se iniciou, demonstra que a oposição não tem o mesmo fôlego, porém, a crise econômica mundial que resvala no Brasil continua afetando a renda e o emprego dos brasileiros e isso é um indicador de que a calmaria política irá se acirrar durante o ano. Porém, um ponto importante, foi que a curva do desemprego desde outubro estagnou-se, o que é um fator positivo mediante a crise, pois a tendência era de aumentar o desemprego.

O governo Dilma tenta mecanismos para retomar o crescimento econômico, mesmo com a retração em curso, e no cenário político acena para recompor a base do governo.

Isso ficou claro na retomada do “Conselhão” que pautou essas dificuldades e a busca para agir para que o país saia da estagnação. Um destaque importante para os comunistas é que o ex presidente nacional, Renato Rabelo, assumiu a secretaria-executivo do Conselho que é composto por 45 empresários, 20 representantes dos trabalhadores e 25 da sociedade civil.

Na atual conjuntura, ganha foco a disputa pela liderança do PMDB, principal aliado Petista, que ano passado se viu envolvido numa crise política protagonizada por Michel Temer, vice presidente da República. Essa disputa indicará se o PMDB recompõe com o PT ou causa grave crise institucional. O que tem paralisado as conversas da base.

Outro ponto levantado foi o foco ao ex presidente Lula, que tentam desmoralizá-lo, através da mídia, para atingir o nosso projeto de 2018.

Por outro lado, o PSDB tem dificuldade em sua unidade. Aécio tenta ser o nome de consenso para o pleito de 2018, mas encontra José Serra e Alckmin costurando politicamente para se viabilizarem na disputa.

Dentro deste cenário, uma peça importante no jogo de 2018 é a entrada de Ciro Gomes no PDT na disputa.

Em São Paulo, os tucanos vivem um desgaste político no início desse ano, bem diferente do inicio de 2015, em que Alckmin veio com força pelo rescaldo das eleições. Mas os casos atuais como a Ocupação das Escolas, protagonizada pelos os estudantes e que levou o secretario da educação sair, causou uma fissura no governo. Recentemente, o deputado tucano, Fernando Capez, ganha holofotes sobre a frauda nas licitações das merendas escolares.

Mas, mesmo com esses episódios, o governador continua blindado e procura mirar nas disputas das prefeituras municipais e lançar nomes fortes em 2016.

Orlando relembrou a desfiliação de Pedro Bigardi, membro da Comissão Política, e ressaltou Pedro não teve nenhum argumento consistente para a sua saída. O PCdoB fez de tudo para Bigardi se mantivesse nas fileiras comunistas, mas ele argumentava que, em se mantendo no PCdoB, que tem aliança nacional com o PT, poderia inviabilizar sua reeleição. (Ver a nota do secretariado).

Rovilson apresentou o Projeto Eleitoral (leia abaixo) destacando que o a resolução tem prazo de validade. Ou seja, o projeto desenhado vai até final de abril de 2016, em que fechará as janelas para candidatos e parlamentares eleitos mudarem de sigla.

Além disso, o vice presidente salientou que o jogo está aberto. Os dois pólos PT e PSDB se encontram em dificuldades, a disputa do seio tucando entre Serra e Alckimin continua e o desgaste político dos Petistas, mediante os escândalos propagandeados pela mídia, muitas vezes sem nenhuma base consistente.

Rovilson enfatizou a disputa na Capital de São Paulo que tem relevância nacional. “O PCdoB precisa acumular o debate sobre essa disputa para o partido avançar. Para isso, ampliar a chapa é o nosso foco”.

Ao final da reunião foi aprovado o Grupo de Trabalho Eleitoral com os camaradas. Rovilson Brito, André Bezerra, Vanius Oliveira, Rodrigo Carvalho e Bruno Prado.

PROJETO DE RESOLUÇÃO ELEITORAL

1. As eleições deste ano se realizarão num clima de grande tensão política e de acirrada disputa política e ideológica;

2. Contribui decisivamente para este contexto a ofensiva oposicionista em âmbito nacional que, desde a derrota sofrida em 2014, age abertamente para interromper o governo de Dilma Rousseff e para agravar a crise econômica;

3. A crise econômica: uma combinação danosa da crise internacional com dificuldades internas acaba por ampliar a insatisfação popular em função do crescente desemprego, das taxas inflacionárias, da desaceleração da economia e da sensação clara de perdas de conquistas;

4. Além da fragilização do executivo, há uma crise de grandes proporções envolvendo a Câmara dos Deputados, na qual o governo não conseguiu ainda constituir maioria consistente, onde será deliberada a questão do impeachment e que é presidida por um personagem sem a menor credibilidade, mas que exibe força de resistência;

5. Soma-se a estes elementos a ação da operação Lava-Jato que de maneira permanente traz novos denúncias e envolvimentos, mantendo em pressão alta todo o mundo político;

6. As alterações nas regras do processo eleitoral também acabaram por gerar instabilidade, especialmente a questão do financiamento;

7. Estes elementos ganham contornos específicos em nosso Estado: centro da oposição conservadora; palco das maiores manifestações contra o governo federal; governado de maneira ininterrupta por mais de 20 anos pelo tucanato;

8. Necessário registrar também: espaço de importantes lutas populares; palco de importantes manifestações em defesa da democracia e do mandato de Dilma; local de resistência popular e dos trabalhadores;

9. O campo liderado pelo PSDB busca nas eleições deste ano uma vitória avassaladora que debilite seu principal oponente nacional, o PT, e que posicione suas lideranças para o pleito de 2018, com destaque para Alckmin, mas também com pretensões de Serra;

10. O governo de Alckmin colheu recentemente seus piores índices de aprovação. Sofreu importante derrota na reorganização do sistema escolar. No entanto, exibe ainda um amplo leque político e força importante em todo o Estado;

11. Nosso campo sofre dificuldades em função do prolongado desgaste do PT e do ataque permanente do sistema oposicionista conservador;

12. É preciso ressaltar, no entanto, que as eleições têm caráter municipal e, portanto, a temática local terá centralidade. O que abre em um grande número de cidades, contraditoriamente, possibilidades para que o PCdoB cresça e se firme com identidade, em disputas majoritárias e proporcionais;

13. Nossos objetivos: Na batalha eleitoral de 2016 é buscar: a) ter protagonismo em disputas majoritárias em torno de prefeituras, tendo como prioridade a eleição de nosso Deputado Átila em Mauá, mas também em número ampliado de municípios – combinando a disputa efetiva em certos centros – com a ocupação de espaço e auxílio ao objetivo de eleição de vereadores em outros. b) ampliar nossa presença nos legislativos locais, com destaque para a capital e os 26 municípios com segundo turno. c) ocupar, em composição, espaço de vice em chapas competitivas. d) dialogar com todas as forças políticas do Estado, com acento principal naquelas que compõem nosso campo político nacional. e) pautar as decisões visando essencialmente à ampliação do protagonismo e da força partidária. f) nos lugares em que decidirmos por apoio a outras legendas buscarmos firmar os acordos futuros, como participação no governo e compromissos para com o pleito de 2018.

14. É diante deste quadro adverso, mas também contraditório, já que abre possibilidades para uma força como o PCdoB para se firmar e ampliar, que enfrentaremos a batalha eleitoral;

15. Fase decisiva desta batalha será travada do mês de março, tendo seu encerramento no dia 03 de abril. É o prazo final para filiação daqueles que participarão com candidatura nas eleições de 2016.

16. Será também o período da chamada janela, que permite a mudança de legenda, sem perda de mandato, de prefeitos e vereadores.

17. Precisamos enfrentar com atenção máxima esta fase. Ela desenhará com que forças e nomes poderemos disputar as eleições;

18. É preciso consolidar todas as lideranças que já optaram pela legenda partidária e é o momento de buscar novas filiações que potencializem o papel do Partido. É uma disputa difícil e tensa que precisa do empenho de todas as direções e quadros partidários;

19. Neste sentido fazemos um chamamento para que o Partido atue em alerta máximo diante destes objetivos no próximo período. Dependerá do resultado desta fase toda batalha seguinte.

Comissão Política Estadual