Transcidadania na cidade de São Paulo é programa modelo no país 

Na sexta (29) comemorou-se o Dia da Visibilidade Trans e no mesmo mês a prefeitura de São Paulo realizou a formatura da primeira turma de pessoas transexuais que participam do projeto Transcidadania, considerado modelo na inclusão de travestis, mulheres transexuais e homens trans. Em 2016 o projeto passará de 100 para 200 participantes e a bolsa auxílio que os participantes recebem será reajustada para R$ 910. 

Fernando Haddad na formatura da primeira turma do programa Transcidadania - Prefeitura de São Paulo/Secom

O programa Transcidadania tem o objetivo de promover os direitos humanos e oferecer condições de recuperação e oportunidades de vida a travestis e transexuais em situação de vulnerabilidade social. O anúncio da ampliação do programa foi feito pelo prefeito Fernando Haddad no dia 20 de janeiro, durante a cerimônia de entrega dos certificados de conclusão à primeira turma.

“Em 12 meses, foi possível transformar a vida de pessoas que já não tinham esperança de que podiam alcançar os seus objetivos e que muitas vezes se dedicavam a atividades que não eram condizentes com as suas aspirações. Agora, pela educação, elas terão oportunidades renovadas”, afirmou Haddad.

Com o Transcidadania, duas das formadas do ensino médio prestaram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e, pelas notas, possuem condições de entrar em uma universidade. Uma delas é Paloma Castro. “A minha vida mudou completamente depois do programa. Ele me fez recuperar meus valores como pessoa, meu caráter, minha dignidade, e hoje eu posso sonhar com um futuro melhor para a minha vida pelos meus estudos, e não em um mundo de prostituição”, disse Paloma.

“A educação formal que vocês estão tendo é importante, mas o alcance desse programa pode superar o alcance do ProUni, do Enem, se ele mudar a maneira de as pessoas se comportarem na sociedade. Não é a educação em sala de aula, mas a educação fora da sala, as regras de convívio que podem tornar a sociedade mais feliz”, disse Haddad aos formandos.

Neste ano, a Coordenação de Políticas LGBT, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, contará com um orçamento de R$ 8,8 milhões. O valor foi aprovado pela Câmara Municipal e representa um aumento de 130% em relação a 2015, quando foi de R$ 3,8 milhões.

“Além de estarem se formando, algumas no ensino médio e outras no ensino fundamental, muitas de vocês tinham aspirações no início do programa que hoje são outras, com um horizonte muito mais amplo”, afirmou o secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Eduardo Suplicy.

A iniciativa é coordenada pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), em parceria com as secretarias de Políticas para Mulheres (SMPM), Educação (SME), Saúde (SMS); Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo (SDTE) e Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), além de outros colaboradores.

“Nos implantamos essa política no país que mais assassina travestis e homossexuais. São seis secretarias envolvidas tanto na construção desse programa como na execução dele no dia a dia. É uma política pública séria, uma opção corajosa e arriscada que pode mudar a vida das pessoas, servindo de exemplo para outros municípios e estados”, afirmou o coordenador de Políticas Públicas LGBT da SMDHC, Alessandro Melchior, que nos próximos meses irá aos Estados Unidos apresentar o programa.

Também estiveram presentes no evento a primeira-dama e coordenadora do programa São Paulo Carinhosa, Ana Estela Haddad, e as secretárias municipais Denise Dau (Políticas para Mulheres) e Cristina Cordeiro (Assistência e Desenvolvimento Social – em exercício).