Conselhão se reúne em busca de caminhos para o desenvolvimento

Na primeira reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), o Conselhão, em 2016, a presidenta Dilma Rousseff reuniu representantes de trabalhadores, empresários, movimentos sociais, governo e lideranças expressivas de diversos setores, para colher sugestões sobre os “Caminhos para o desenvolvimento brasileiro", tema do encontro na tarde/noite desta quinta-feira (28), no Palácio do Planalto. 

Conselhão se reúne em busca de caminhos para o desenvolvimento - Agência Brasil

O objetivo da presidenta é incorporar as sugestões aos projetos que o governo pretende encaminhar ainda no primeiro semestre ao Congresso Nacional. Com isso, ela dá sinais fortes de que ouve a sociedade, busca soluções conjuntas para os problemas brasileiros e está à frente de um projeto exequível para superar os obstáculos gerados pela crise econômica mundial.

“Preciso do Conselho e das ideias e propostas que podem nascer neste fórum para atingir aquela que é a maior das prioridades de meu governo e o maior desejo de todo um povo: voltar a crescer de forma sustentável para gerar emprego e renda para nossa população. Qualquer mudança deve respeitar direitos adquiridos, levar em consideração expectativas de direitos, e, portanto, estabelecer período de transição,” garantiu Dilma.

O ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, iniciou a solenidade destacando a abertura para o diálogo. "As pessoas precisam ter coragem de abrir suas convicções no debate com a sociedade. A verdade nossa não é necessariamente única e não é obrigatoriamente a melhor. Até porque a melhor verdade é aquela que brota do conflito de ideias. Este é o melhor momento para retomar a economia", disse.

Na área econômica, falaram os ministros da Fazenda, Nelson Barbosa, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Tombini afirmou que o banco tem atuado para assegurar estabilidade e bom funcionamento dos mercados.

Barbosa propôs criar um limite legal para o crescimento do gasto público e estabelecer uma margem fiscal legal para acomodar as flutuações da receita. Os empresários e representantes dos trabalhadores também apresentaram sugestões.

A conselheira Luiza Trajano, do Magazine Luiza, sugeriu a volta do Simplifique Brasil como forma de reduzir a burocracia estatal nos meios de produção.

Já o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alberto Broch, defendeu o desenvolvimento com fortalecimento da agricultura familiar, políticas de educação e cooperativismo.

Para a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, é de fundamental importância a continuidade das políticas que valorizam as conquistas sociais. Ela destacou que os jovens foram os mais privilegiados pelas políticas públicas adotadas pelo governo. E enfatizou que nenhuma medida econômica adotada pelo governo deve ameaçar os avanços sociais.

Aposta no diálogo

Além das sugestões pontuais, houve conselheiros que, em suas falas, adotaram uma postura mais política, analisando o contexto geral do país. A maioria aposta no diálogo para encontrar soluções para o país.

Vagner Freitas, presidente da CUT, destacou que “nenhum lado sozinho resolve os problemas do país”, acrescentando que “aqui estão os representantes dos setores que podem fazer a mudança”.

Ele foi seguido pelo empresário Luiz Moan, da Anfavea, que afirmou que é preciso bom senso e despolitazação dos temas para avançar no caminho do desenvolvimento.

Para o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, “o tempo é curto e a agenda é extensa”, e que as reuniões do CDES serão capazes de conseguir uma agenda de convergência e permitir a retomada do desenvolvimento do país com a superação das dificuldades que se apresentam com a inflação e o desemprego, que ameaçam a estabilidade econômica do país.

Dilma encerrou o ato de posse dos conselheiros com a mensagem de aposta no diálogo para impulsionar o Brasil a uma nova etapa de desenvolvimento. "Conto com vocês para fazer a travessia ao porto seguro da retomada da geração de oportunidades para todos. De minha parte, podem esperar honestidade de propósitos, desejo sincero de encontrar soluções e toda a disposição do mundo para ouvir e dialogar”.

Novos integrantes

Criado em 2003, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o CDES assessora o presidente da República na formulação de políticas públicas e de reformas estruturais. Neste ano, ele passa a ser composto por 92 integrantes – antes eram 90 – que representam empresários, movimentos sociais, sindicatos e a sociedade civil. A última reunião do grupo ocorreu em junho de 2014.

Esta será a primeira vez que as empregadas domésticas terão uma representante no conselho, com Creuza Oliveira, presidenta da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad), na composição do colegiado.

O ator Wagner Moura, que também passou a integrar o grupo, não esteve presente à reunião desta quinta-feira porque está na Colômbia gravando a segunda temporada da série Narcos, que retrata a vida do traficante Pablo Escobar.