Dieese diz que sindicalismo enfrenta a crise com “ações propositivas”

Com seis décadas de existência, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos tem sido um parceiro constante do sindicalismo. Em 2015, ajudou a formatar o PPE (Programa de Proteção ao Emprego) e o movimento “Compromisso pelo Desenvolvimento”. Seu diretor-técnico Clemente Ganz Lúcio é o entrevistado desta sexta (15) na série que a Agência Sindical produz sobre conjuntura e perspectivas.  

Clemente Ganz, Diretor-Técnico do Dieese - Agência Sindical

 Ao avaliar 2015, Clemente observa que, “frente ao desemprego, a primeira reação do movimento sindical foi defensiva, buscando preservar postos de trabalho e evitar queda salarial dos que ficaram empregados”. Além das tarefas na base, o sindicalismo cobrou do governo medidas efetivas pró-emprego.

“O PPE vinha sendo proposto há tempos pelo Dieese. Foi uma iniciativa importante ante a ameaça ao emprego, mas ainda assim no campo defensivo”, diz. Segundo o diretor-técnico do Dieese, insuficiente para enfrentar a crise, o que, em sua opinião, requer decisões políticas e medidas pontuais, distantes do ajuste fiscal.

Ainda no ano passado, o sindicalismo produziu várias ações propositivas e esse padrão deve prevalecer. “É muito importante o ‘Compromisso pelo Desenvolvimento’, que reúne centrais e entidades empresariais e também tem a nossa participação”, afirma Clemente. A retomada do crescimento é pra ontem. Para ele, “a extensão da crise agrava todos os problemas e tira eficácia mesmo de medidas propositivas, além do que pode estimular ações mais duras contra o trabalhador”.

Reformas e fóruns de debate

O Brasil não aproveitou o ciclo de crescimento nos governos Lula e Dilma para fazer as reformas rumo ao desenvolvimento. “A própria reforma tributária, com maior taxação dos ricos, não andou e aí acabaram prevalecendo políticas liberais de ajuste”, avalia o diretor-técnico do Dieese.

O Fórum de Debates sobre Políticas de Emprego, Trabalho e Renda e Previdência Social tem reunião dia 17 de fevereiro, em Brasília. A expectativa dos integrantes do ‘Compromisso’, segundo Clemente, é que o governo leve resposta aos pontos do documento (são sete), indique diretrizes ou apresente medidas que queira propor. “Esperamos, por exemplo, proposta efetiva sobre financiamento e crédito”, adianta.

Clemente Ganz Lúcio chama atenção para o estado do Rio, com a paralisia na Petrobras – devido à Lava Jato e à queda no preço do petróleo – o fim das obras e o pós-Olimpíada. A saída, ali, será ativar a construção civil e liberar a capacidade de produção da Petrobras. “Mas nada disso é fácil ou rápido”, observa.

Para Clemente, 2016 exigirá permanente mobilização sindical e diálogo por parte do governo e no âmbito das instituições do Estado – ele vê com bons olhos o resgate do “Conselhão”. Ele diz: “espero uma postura que possa propiciar ao governo e à sociedade canais para um diálogo constante e consistente, o que não ocorreu até agora”.