“Ser de direita não é crime, crime é ser golpista”, afirma Ciro Gomes

Em entrevista ao programa São Paulo, Brasil, apresentado por Paulo Markun na TV Câmara da capital paulista, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT-CE) afirma que ser de direita no Brasil não é crime, “crime é ser golpista”. Para ele, a direita brasileira já está percebendo que um golpe seria catastrófico para o Brasil, mas apontou que incomoda “a falta de nível dos protagonistas da crise atual”.

Ciro Gomes

Para o ex-ministro, o mandato da presidenta Dilma Rousseff é fiador da normalidade democrática e um golpe deixaria o país ingovernável com o povo dividido.

Apesar de afirmar que Dilma ainda não apresentou uma proposta clara para o país, Ciro afirma que o povo brasileiro percebeu que está com ela “a defesa do valor difuso da questão nacional”. Segundo ele, Dilma precisa se reconciliar com a maioria dos eleitores que lhe deram um novo mandato de presidente.

“Temos que ter uma proposta de futuro para o país e isto faz falta”, afirmou o ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes.

Sobre economia, diferentemente do que quer a direita, Ciro defendeu maior papel do Estado nos investimentos para alavancar o desenvolvimento e menos intervenção do setor privado. “Sou amigo do Gustavo Franco, do Armínio Fraga, do Pedro Malan porque convivi com eles, os respeito. Mas discordo deles”, disse ele, afirmando que para financiar o desenvolvimento do país é preciso dinheiro próprio, não o dos outros.

Ele também defendeu que o país invista mais em educação. “O brasileiro, em média, tem seis anos de escolarização. Já os argentinos têm o dobro da escolarização média dos brasileiros. Cuba tem mais gente na universidade do que o Brasil. Se não houver um governo empoderado, um setor privado engajado e uma academia também engajada, é difícil desenvolver o país”, argumentou.

Markun questionou sua fama de falar demais e ele responde: “Acho que não mereço isto. Talvez devesse cultivar a falsidade, como a elite faz porque não custa trocar palavras. Mas venho do interior do Ceará, não quero mudar meu sotaque, não quero me fazer de lorde. Não cometi desatinos como ministro, fui bom governador, bom prefeito de Fortaleza. Trabalhei pelo Brasil. Não sou delicado, não sou lorde com punhos de renda, sou agreste – da luta – e só tenho uma ferramenta, minha língua”.

Ciro disse também que o presidencialismo “é um desastre”, pois a responsabilidade pelo Estado, pela saúde do Estado, é do presidente da República, “mas a vontade institucional está no Congresso”. Para ele, esse fator se agrava quando “você bota um picareta como Eduardo Cunha” à frente da Câmara dos Deputados.