Palestinos acusam possível embaixador de Israel no Brasil por crimes

As autoridades e a comunidade palestina ficaram indignadas com a indicação de Dani Dayan, um dos maiores apoiadores da política de assentamentos ilegais nos territórios ocupados por Israel, como embaixador desse país no Brasil.

Ocupantes enfileiram blindados em território palestino na Faixa de Gaza

Muhammed Asaad El-Ewewy, professor da Universidade de Jerusalém, deu uma entrevista à Sputnik criticando a decisão de Israel e elogiando a posição cautelosa das autoridades brasileiras:

"Eles cometem crimes de guerra (e política de assentamentos é um crime de guerra evidente) e depois recebem um cargo diplomático, este fato contradiz todas as leis de diplomacia. A posição do Brasil era previsível porque nós sempre respeitamos os povos e governos da América Latina por causa da sua posição em relação ao mundo árabe e especialmente em relação à Palestina”.

Ele também apelou à abertura de processos penais contra os ocupantes da Palestina: "É preciso boicotar e processar no Tribunal Penal Internacional todas as pessoas ligadas à ocupação da Palestina, por cada crime de guerra cometido. É preciso aplicar os esforços conjuntos dos países árabes e demais que reconhecem os direitos do povo palestino para responsabilizar os criminosos”.

"Cada dia as Forças Armadas dos ocupantes cometem crimes contra palestinos e os líderes da resistência <…> é preciso criar uma pressão internacional contra os ocupantes", concluiu o professor.

A candidatura de Dani Dayan para o cargo de embaixador israelense no Brasil foi apresentada oficialmente em agosto. Desde então, o país não se manifestou a respeito.

Na quarta-feira (23) a embaixada da Palestina no Brasil rompeu o silêncio diplomático afirmando que desaprova desta nomeação.

Uma fonte na embaixada palestina citada pelo jornal Valor Econômico informou de um encontro com a representação brasileira em Ramalá, capital da Autoridade Nacional Palestina.

O Brasil, por sua parte, não aprova da política de assentamentos ilegais que Israel realiza na Cisjordânia, território reclamado pela Palestina e reconhecido pela comunidade internacional como ocupado por Israel. E Dani Dayan presidiu durante seis anos, de 2007 a 2013, o Conselho Yesha, que representa os colonos israelenses na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.

Em vista da postura brasileira e da situação internacional atual, dar credencial a Dayan significaria fomentar as divergências já existentes entre Israel e a Palestina e aumentar a tensão internacional.

Nesta sexta-feira (26), o ex-chanceler do país, Celso Amorim, concedeu entrevista ao jornal paulistano Folha de S.Paulo sobre o caso. Amorim também critica Dayan por causa de sua origem.

"Aceitar como embaixador uma pessoa que foi líder de políticas de assentamentos em Israel seria uma aceitação tácita dessa política, à qual o Brasil se opõe. Não é possível aprovar esse embaixador", afirma Amorim

Do Portal Vermelho, com Sputnik e Brasil 247